O início do problema

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Sanji acordou assustado. Afinal, quem não acordaria? Uma pessoa chegando no seu quarto do nada, com uma panela e uma colher de pau, fazendo barulho e gritando "acorda, vagabundo!", assustaria qualquer um; e foi isso o que aconteceu. Nami invadiu o quarto e acordou o loiro, já brigando com o mesmo.

— O que eu fiz?... — perguntou baixo, havia acabado de acordar e ainda estava com sono. Se sentou na beirada da cama e encarou a mulher, ela estava arrumada e com um sorriso animado.

— Nada por enquanto, por isso estou te acordando! Sua entrevista será às nove, já são oito e vinte. — disse como se não fosse nada e sorriu sapeca. Sanji arregalou seus olhos e começou a correr pelo quarto, tropeçando pelos cantos e se lavando rápido.

Depois de alguns minutos, secou seus cabelos loiros e ajeitou sua roupa social, além de garantir que estava cheirosinho e limpo. Perfeito, saiu e olhou o relógio pendurado na parede da sala, soltou um mumuxo e se indignou; não eram nem sete e ponto ainda!

— Nami...

— Hihi, talvez eu vi errado. — fez um biquinho e deu leves tapinhas de consolação nas costas do amigo — Não faça essa carinha! Eu só queria garantir que você acordasse cedo.

— Por que? — bocejou e se sentou no sofá, relaxando um pouco os ombros tensos.

— Eu vou pra Alabasta, ué. — o Vinsmoke engasgou e encarou a alaranjada totalmente descrente. Ela suspirou pesado e pensou um pouco — Vamos dizer que a Robin está na casa da Vivi...

— Ai por causa disso você vai me abandonar aqui?

— Exatamente, meu caro Sherlock Holmes!

— Você é horrível, sabia?

— Cala boca, poc. Fica na sua, Sanji. — ela revirou os olhos e se olhou uma última vez no espelho, pra depois dar uma voltinha na frente do loiro e o encarar — E então, estou bonita? — fez uma pose e piscou pra ele.

— Totalmente, minha bela dama! — bateu palminhas e sorriu, elogiando a garota. As bochechas de Nami ficaram vermelhas e ela o abraçou — Espero que consiga arrancar uns beijos da Robin.

— Eu vou conseguir, senão eu não me chamo Nami. — se separou do amigo e pegou sua mala, olhando pro nada com uma determinação incomum — Aliás, depois me conta como foi na entrevista, certo?

— Certo!

E assim Nami saiu de casa, deixando o jovem tristonho para trás. Bom, agora que estava sozinho, o que faria? Sanji pensou um pouco e decidiu fazer uma marmita antes de sair de casa. Ele estava de bom humor, isso não era tão comum em plenas sete horas da manhã, o loiro estava sorrindo até pras plantas de sua amiga! De fato, nada estragaria seu dia hoje. Sabem o porquê? Porque hoje Sanji sairia com um emprego novo, um salário bom, teria a casa somente para si e ainda poderia ver seus amigos! Hoje será o seu dia.

Foi isso que ele pensava.

— Eu não acredito, você não foi aceito?! — Nami exclamou furiosa do outro lado do telefone.

— Nami... você me indicou para um puteiro, tem noção disso? Eu que não aceitei! — o loiro reclamou, choramingando. Nunca apagaria de sua mente o momento em que pisou no local e o obrigaram a vestir uma roupa vergonhosa, pra depois o oferecerem para um cliente qualquer. Agora estava devastado andando pelas ruas, com um pouco de maquiagem ainda no rosto e o cabelo feito, pisando com força no chão e com lágrimas não derramadas nos olhos azuis. Um suspiro foi escutado do outro lado da linha, logo uma risada saiu — Não creio que a senhorita está rindo.

— Eu me confundi, pensei que era para recepção, poxa... — falou, com um falso pesar, tentando ao máximo segurar sua risada.

"Mentirosa" pensou e praguejou pela primeira vez contra uma mulher.

— O que eu faço agora?

— Volte pra casa, vou procurar outra coisa pra você com a ajuda da Robin, tá bom? — o loiro apenas soltou um murmúrio como "sim" — Não fique assim, você ao menos daria um ótimo prostituto.

— Nami, eu não vou dar o meu cu.

— Aff, era só uma ideia! Vou descansar um pouco, o vôo é daqui a pouco. Pense em algo pra fazer também, eu vou indo. Tchau, Sanji!

— Obrigado, boa sorte e tchau! — ele sorriu, desligou e guardou o celular em seu bolso. Olhou de relance e viu algumas garotas rirem, logo lembrou que ainda tava manchado de maquiagem e voltou rapidamente para casa.

Deitou em seu sofá depois de tudo, tentando descansar um pouco após essa manhã caótica. Observou o relógio que marcava duas da tarde e arregalou seus olhos, o tempo passava rápido mesmo. Não tinha mais nada para fazer, só estava ali, existindo enquanto relaxava no sofá e encarava a televisão desligada, e então lembrou do convite de Zoro. É, talvez ele pudesse se divertir saindo com os seus amigos e fazendo bobagens, enquanto conversam coisas aleatórias e elogiam sua comida, né?

Já estava descansado e relaxado o suficiente, então era só levantar, botar qualquer roupa e preparar as marmitas pra sair. Foi quando, infelizmente, assim que se sentou no sofá, acabou caindo no chão com a porta da frente sendo literalmente arrombada e um grito o chamou.

— SAANJIIII, CADÊ VOCÊ?!

— EU ESTOU NA SALA, IMBECIL! — berrou de volta e se levantou, irritado. Logo sua expressão se alterou pra confusa e ele ficou em silêncio ao observar seu amigo entrar na sala junto com um carrinho de bebê.

— Sanji... temos um problema. — apontou para a pequena criança, que ainda dormia tranquilamente e depois sorriu sem graça, coçando a bochecha.

— VOCÊ ADOTOU UMA CRIANÇA?!

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