Oitavo

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- Muito bem, me deixe medi-la devidamente - a mulher alfaiate tirava suas medidas - podemos colocar seda para realçar sua pele clara, irá trazer essa sensação de noite que a princesa passa, me desculpe se for impessoal, mas, qual seria o nome da princesa? - ela indaga ao se observar a rainha assentada atrás de si.

- Desculpe, mas, o nome da princesa só deve ser revelado na sua primeira aparição do reino - Nefertite a explicava em busca de uma desculpa adequada para sua falta de um nome egípcio - não podemos revelá-lo ainda para que a Deusa mantenha sua benção sobre minha filha querida - finaliza com um sorriso doce para a jovem Nerissa, essa que sorria boba pelo carinho em que Nefertite usava em cada palavra, ela estava sendo educada mesmo com a pergunta impessoal da alfaiate.

- Oh entendo perfeitamente, minha rainha, me perdoe, princesa - a pede em visível arrependimento, Nerissa tinha a leveza em dizer de que tudo estava bem, de fato estava, se sentia no auge da sua vida em ter uma companhia para provas de vestidos, ela sempre estava acompanhada, mas, em 80% do tempo por pessoas das quais ela não tinha vínculos sem ser o vínculo profissional - acredito de que esse vestido verde ficará deslumbrante se colocar muito ouro e algumas pedras preciosas - a anima com o tecido em mãos - até a hora do banquete suas vestes estarão prontos a dou minha palavra - a alfaiate a promete enquanto Nerissa se observava no espelho, de fato, eram roupas peculiares, Nerissa como uma design e modelista logo se incomoda, a coceira surge e a platinada sabia que estava prestes a ter uma ideia, seu senso criativo para as peças era diferente, era esporádico e ocasionado por situações em que a motivassem para tal.

- Pode me emprestar, rapidinho - a pede seu papiro junto ao carvão que usava para desenhar no papiro?
Aquilo de fato existia naquele tempo, aquilo era estranho - obrigada - a alfaiate a entrega os seus instrumentos, Nerissa sente como uma onda de energia subindo pelo seu corpo, ela estava pronta para criar - se valorizar-mos esse tecido bem aqui - ela moldava uma silhueta sobre o papiro - fizermos um decote daqui até aqui, dará volume aos seios e diminuirá a largura do tronco - mostrava a alfaiate que a ouvia com atenção maravilhada, tal como Nefertite que sorria animada como uma criança, impressionada - se reduzir a quantidade de pano e bordar fios de ouro nas aberturas dará a impressão de uma silhueta mais demarcada, menos cintura e mais quadril, fica bonito e você pode moldar aqui para que não deforme o corpo que usar - montava o desenho de sua mais nova criação - se colocar umas joias lapidardes e mais leves, como se a repartisse em pequenos fragmentos, bordando um por um, irá reluzir aos olhos - Nerissa desenhava e desenhava em explicação a mulher - e aqui está, o vestido perfeito - a platinada sorria ao ver suas mãos inteiramente pretas pelo carvão, que já havia se acabado e a mesma continuara desenhar com o dedo - Hmm, acho que fiz mais do que um vestido - ria alegre ao ver os nove vestidos desenhados em menos de duas horas.

- Majestade - a alfaiate parecia embasbacada ao segurar um carvão contra o peito, sem saber ao certo o que dizer - a senhorita é - ela fora cortada por braços gentis e animados que a abraçam fortemente, assim como beijos são distribuídos em sua face.

- Um gênio, uma estilista, abençoada pela deusa - Nefertite a abraçava chorosa, limpando suas lágrimas, parando por um momento para pensar - eu tenho que mostrar isso para o maridinho, nosso novo bebê também é um gênio - pegava os desenhos em extremo cuidado.

- O quê? Nef - ela se contém ao olhar para a alfaiate - majestade, a senhora não precisa ocupar ao faraó com coisas tão triviais - tentava não se desesperar ao sequer cogitar de que aquele desenho pararia nas mãos do faraó, ela se arrepiava só de pensar.

- Faraó? - Nefertite parece não compreender por instantes - não não, vou mostrar ao seu papai - ela diz com seus olhos verdes como esmeraldas brilhando - vamos vamos, temos que mostrar para o seu pai, filhotinha - a rainha abre as cortinas em rapidez a deixando para trás ainda estupefata.

A Obsessão do Faraó - Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora