Thomas Green subiu as escadas de casa até o escritório do pai com uma revista nova em mãos. Por educação bateu na porta escura com o punho da mão direita fechado, por mais que sua vontade fosse de entrar imediatamente pela ansiedade e receio.
Duas emoções misturadas completamente até aquele momento. Seu afeto por Louis o deixava de tal forma.
Quando recebeu uma afirmação positiva e casual do pai, que foi dada até com um abanar de mãos que ele não viu, é que puxou a maçaneta e colocou a face para dentro do escritório antes de todo o corpo, observando o pai sentado na cadeira e escrevendo sua assinatura em muitos documentos que eram trocados rapidamente. Sem nem mesmo olhar o filho Nicholas em um tom apressado o alertou.
- Não fique aí parado Thomas, diga o que necessita.
A reação do pai lhe parecia casual, rotineira, um comportamento quase igual de todos os dias. Percebeu que ele ainda não sabia o que acontecia, mas uma hora, inevitavelmente saberia, de qualquer forma, não seria ele a contar e vendo Nicholas somente preocupado momentaneamente com o trabalho lhe acalmou.
- Nada, só queria saber se precisa de algo.
- Se é somente isso pode sair, seu pai tem muito o que fazer hoje. As coisas estão loucas, não preciso de nada.
- Tenho certeza que o senhor vai cuidar de tudo.
Nicholas não o respondeu, muito menos o olhou por algum instante, mas sorriu com a última fala de Thomas. Se tivesse erguido por uma vez seu olhar veria a mão do menino carregando uma revista fina e larga, talvez com falso interesse perguntasse o que ele carregava e se por acaso tivesse feito isso saberia do que muitos já sabiam e comentavam na cidade.
Assim que fechou a porta atrás de si se recostou nela. Teria de falar com Louis. Antes de todos teria de falar com seu irmão.
E foi isso que fez, chegou à casa dele com o passe livre, passou pelo portão e então abriu a porta que não estava trancada, assustando o mais velho que lia algumas papeladas casualmente no sofá segurando uma xicara de café com a mão esquerda
- Deus Thomas! Não faz mal bater. – E falaria mais, não fosse pela face interrogativa e imediata que viu em Thomas Green.
- Saiu uma coisa na revista...
- Que revista...
Antes que a pergunta pudesse se quer ser dita corretamente e com todas as vírgulas Thomas a jogou em cima do sofá e deu um tempo para que Louis a abrisse, vendo a matéria extensa e desconcertante que habitava a terceira e quarta página.
Enquanto via tudo que ali estava não disse nada, apenas colocou a xícara pela metade na mesinha de centro em frente ao sofá e passou a mão pelos cabelos negros.
- Não sei como foi acontecer.
- Já vi essa garota Louis! É aquela, justamente aquela em que me esbarrei.
Ambos se olharam, os olhos azuis encaravam perplexos os verdes, e estes com receio o fitavam timidamente.
- Meu Deus, não importa o que acontecer, você se deu bem! – E de todas as coisas que Louis achava que poderia ouvir, aquela era a última.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Almas
RomancePoderíamos definir Aurora Kalitch como uma mulher independente que vivia entre dois mundos, o dos ciganos e o dos gajos. Uma mulher que apesar de todo seu poder, não tinha controle algum sobre seu destino, não importava o quanto tentasse, suas linh...