Capítulo 18 🎴

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Aurora passou os dias futuros terminando sua música. Tinha um colega de aula que tocava violoncelo, se chamava Hector e era extremamente talentoso.

Ele fazia o som mais ao fundo, e sua outra – também colega de aula violinista – obteve o som agudo alto na canção, algumas vezes até sobrepondo o piano.

Ao fim, o resultado que esperava foi mais do que satisfatório. Tocaria na próxima apresentação que fizesse, e por mais que não fosse uma melodia a ser obrigatoriamente compartilhada com outros instrumentos, ela amou tal produção.

Deu um toque a mais em sua composição, e previu bastante ensaio, levando em consideração que sua nova performance estava com apenas três meses de distância.

Chamou Albert para ver como havia ficado, e sua reação foi ainda melhor do que quando havia escutado sem os complexos arranjos.

Após aquilo resolveram ir até o parque de diversões, onde Aurora apresentou-lhe seu amigo do algodão doce. Se sentaram em um banco de madeira escura, observando poucas crianças correrem e gritarem animadas nos brinquedos em plena luz do dia.

- Pretendo comprar alguma casa por aqui. – Disse Albert, fazendo Aurora se surpreender.

- Um homem da minha idade tem certas preocupações, e minha filha quer que eu fique, mas não gosto de estar na casa dela, uma família precisa de algum espaço.

- Mas você também é da família dela.

- É diferente. Vou arranjar algum lugar aqui, se puder me ajudar com isso... ficaria feliz e grato. Penso que onde eu moro é distante de tudo, se eu morrer um familiar não fica sabendo tão cedo.

Aurora o olhou com atenção.

- Você é impossível Albert, mas vai ser uma honra te ajudar a escolher um lugar.

- Mas me conte, e seu menino? – Aurora deixou uma risada sair antes que levasse uma parte do algodão doce até a boca.

- Meu menino? Não estou gravida, Albert. – Respondeu brincando.

- Entendeu muito bem, não está namorando? Como está indo as coisas?

- Ele quer que eu vá jantar na casa dele, e deseja isso já faz algum tempo. – Afirmou fixando seu olhar no nada.

- E por que não vai?

- Já decidi que vou. Talvez na próxima semana.

- Ele me é familiar, esse garoto.

- Pode ser que já o tenha visto de outras vezes.

- Pode ser. E está nervosa, em ir até lá?

- Não é nervosismo, é receio. Não sei do que também, mas não sinto coisas muito boas, e geralmente não me engano. Mas deixemos isso pra depois, quando eu for, te conto como foi. Quero falar sobre nosso projeto agora.

- Seu projeto criança, eu apenas ajudei.

- Desde quando percebeu que gostava de arquitetura.

- Desde menino. Lembra da casa que falei que tinha na Inglaterra? Eu a desenhei.

- A casa tomada?

- Justamente.

Aurora não perguntou mais sobre tal assunto, não queria ser invasiva demais e indagar por qual motivo ele foi retirado de sua moradia. Quando o assunto surgia, Albert era sempre vago.

Deixou aquilo como era, mesmo com ardente curiosidade e perguntou outras coisas.

Como seriam feitas as lacunas.

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