Nicholas permanecia ali, impotente em sua cadeira de couro marrom, os cotovelos em cima da mesa e os dedos da mão direita e esquerda entrelaçados, enquanto Anthony apenas o olhava sem saber exatamente o que fazia ali, encarando o homem com sua riqueza incontável.
Era perceptível a seus olhos o quanto o aristocrata estava cansado, mas ainda assim havia em sua expressão algo além e indecifrável, perguntou a si se pensar tais coisas fosse coisa da paranoia que hora ou outra rondava sua cabeça, assim como a de todos.
Eles conversaram e trocaram apresentações curtas, mas educadas, sem muito enfeite ou teor de privilégio.
- Sei que é um dos melhores que existe no seu ramo, sei também que foi você quem tirou as fotografias de meu filho com a nova pianista. Um homem com contatos tem seus privilégios.
- E é por isso que me chamou aqui?
- Em parte, sim. Entrei em contato com toda a revista com a qual trabalha e pedi seu nome, paguei por seu nome, Anthony. Mas nunca mais tirou nada dos dois.
- Não achei grandes interações e tive outras coisas pra procurar.
Nicholas assentiu com a cabeça, tendo em mente dos grandes escândalos e fofocas que a cidade vinha tendo, assim como os locais vizinhos através da revista e até mesmo por alguns programas que se passavam sempre após as seis da noite.
- Sei que está ocupado, mas eu tenho um favor a lhe pedir, preciso que cumpra, e dinheiro não é o problema, se a recompensa é o que já pensa.
Anthony sorriu, aquele sorriso esperto de lado que sempre dava com seus dentes extremamente brancos.
- Diga.
- Não quero que tire mais foto alguma de Aurora ou Louis, para nenhuma revista. Não importa o quanto lhe paguem. Posso oferecer mais e sabe disso.
- Se não for eu a tirar, alguma outra revista há de fazer.
- Acha que sou burro? Nenhuma outra revista irá fazer nada. Disso já cuidei muito antes de conversar com você.
- Então é isso, está feito. Não tiro mais foto alguma, mas quero meu dinheiro e a garantia de que recebo mais por suas mãos do que por onde trabalho.
Foi ao ponto de terminar sua sentença, que Nicholas tirou de sua gaveta embaixo da mesa um pacote cheio, gordo e fechado. Jogou sobre a mesa com descaso e rapidez e quando o paparazzi entendeu o que era o pegou rapidamente com mãos afoitas.
- Pode contar se quiser.
Ele sentiu as notas, apalpando o pacote marrom o e somente disse que não era necessário com um grande sorriso no rosto, afinal, quem não ficaria radiante ao receber tanto dinheiro sem precisar fazer nada? Apenas por justamente, não trabalhar? Era isso que pensava Anthony, ainda sem entender aonde tantas libras iriam o levar.
Apenas soltando um obrigado, ele se levantou de sua cadeira e deixaria o escritório logo em seguida, mas parou assim que escutou a risada curta e baixa de Nicholas.
O olhou sem entender.
- Há mais um favor e creio que o fará, afinal, já tem garantias demais nas mãos. Ou... pode não fazer nada, mas quem garante que sua desobediência não custará mais caro do que todas essas libras?
Ainda em pé, o homem o olhou. Em receio a ameaça, se vendo obrigado a fazer o que quer que o aristocrata o falasse.
- Apenas me diga o que quer.
Sua resposta veio em apenas um sorriso, e uma conjunção de palavras proferidas com intrigante frieza e calmaria.
Anthony aceitou.
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Almas
RomancePoderíamos definir Aurora Kalitch como uma mulher independente que vivia entre dois mundos, o dos ciganos e o dos gajos. Uma mulher que apesar de todo seu poder, não tinha controle algum sobre seu destino, não importava o quanto tentasse, suas linh...