Capítulo 19 🏠

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O dia amanheceu nublado e chuvoso, típico da época de outono. Apesar da chuva e do frio, era bonito ver as folhas, especialmente a cor alaranjada por quase todos os lugares em que se andava.

Cheiro de terra molhada.

Aurora amava o clima, mas Louis não desfrutava tanto, resolveu consigo que apenas gostava se tivesse a companhia da mulher.

Ela vestia uma calça jeans com uma blusa branca e um casaco de lã cor caramelo, fazia contraste com seu cabelo e a cigana amava roupas assim, quentes e longas. Os anéis característicos permaneciam nos dedos enquanto ela levava a xicara quente de café a boca enquanto olhava para a janela da sala fixamente, observava os pingos de chuva caírem nela e fazendo trilhas desconexas.

Sua mente estava em nada. Somente tranquilidade. Quando se virou em um suspiro curto viu Louis a observando. A barba estava por fazer e o cabelo ainda bagunçado.

Uma coisa sobre ele, era que não tinha tanto animo para se arrumar ou acordar tão cedo, na natureza da cigana parecia algo tão normal quanto o céu ser azul.

- O que foi? Parece um zumbi. - Louis riu.

- Delicada como sempre.

- Perdoe-me por minha delicadeza... - Retrucou se aproximando e o dando um beijo no rosto.

- Está perdoada.

- Eu sei. Agora vá se arrumar, Louis.

- Aurora, são oito e meia.

- Tarde demais.

- Meu Deus...

- Vamos, quero levar algo, não posso chegar na casa de seus pais sem um agrado, seria falta de educação.

- É só pela noite que vamos.

- Mas antes, temos que ir pra minha casa, minha mãe te aguarda.

- Me diga uma coisa, esse temperamento de animo é sempre assim?

Aurora simplesmente riu.

- Venho de uma cultura em que isso é o ideal. Está impregnado. Além do mais, é alguma aventura pra sua vida.

- Acordar cedo com animo?

- Exatamente.

O aristocrata assentiu, trocaram algumas palavras e foi se arrumar quase obrigatoriamente.

Era bem mais tarde quando chegaram até a residência de Dolores, lá almoçaram e riram. Para Louis foi como... família. Ele adorava a mãe de Aurora, ela o tratava como um filho. Era gentil.

Enquanto os três conversavam na mesa, o homem apenas rezava a seu modo que a pianista tivesse um bom momento com seu povo.

Esperava que ela gostasse de todos, até ali, Aurora não havia mencionado o que sentia sobre seu pai e não o faria tão cedo, afinal, de nada ganharia com isso.

- Fico imaginando Mercedes quando te conhecer, Louis. - Comentou Dolores risonha.

- Aurora me conta ótimas histórias sobre ela.

- Oh, uma mulher excepcional. Me ajudou muito, apesar de ser muito dura.

- Ela vai gostar de você Louis, fique tranquilo.

- Mas há algum modo em que possamos ter contato? - A pergunta fez Aurora parar o garfo no prato e sua mente vagar até uma louca alternativa, relembrando o que sua tia já havia lhe falado quando estavam juntas no acampamento.

Ela olhou para Dolores, que conhecendo a cultura em que já teve e a própria filha, rapidamente repreendeu com os olhos.

Aurora sorriu.

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