Capítulo 23

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   Joel entrou com alguns homens na enfermaria, começaram a apagar o fogo antes de se espalhar pela cidade. As pessoas se juntavam em grupos em volta do acidente, em um lado estava Maria conversando com uma mulher e duas crianças, pareciam surpresos e assutados. Do outro lado havia muitas pessoas sérias e curiosas, Ellie ficou do meu lado.

— Não dá pra dizer que foi gás, não vai demorar muito pra descobrirem. — Joel sussurrou para Tommy, trocamos olhares severos.

— Vão pra casa, vamos pra lá depois. — Tommy avisou, puxei Ellie pelo braço.

Voltamos para casa, Ellie estava encolhida no sofá preocupada com o rumo que as coisas estavam tomando, não conseguia parar sentada, só conseguia me preocupar com o tanto de suprimentos que havíamos perdido.

— Será que ele está bem? Alguém se feriu? — Me perguntei enquanto me abraçava, Joel franziu o cenho.

— Haviam corpos lá, não tinha cono identificar. — Ele dizia, meu corpo se arrepiou só de pensar.

Tommy bateu na porta e entrou, os olhos arregalados assustado, com receio de que algo pior estava acontecendo.

— O doutor está morto, ele e alguns doentes morreram na explosão. — Tommy confirmou, sentei-me no sofá aterrorizada, coloquei a mão na barriga. — Não conseguimos recuperar muita coisa, só um armário de remédios. Os equipamentos foram pelos ares com a explosão.

— M-mas e o bebê? O que eu vou fazer agora? — Perguntei, Tommy engoliu em seco sem resposta.

— Temos que encontrar outro médico para você, para Maria. Principalmente porque não falta muito para o parto, e o seu caso é especial então nós entendemos a situação e vamos começar as buscas nas comunidades próximas.

— Sabe quem poderia ter feito isso? — Joel perguntou aflito, estava mais preocupado que nunca.

— Ainda não, mas estamos investigando. — Ele disse, me levantei sentindo-me exausta, os dois me encararam.

— Eu preciso deitar, é demais pra processar. — Subi as escadas, Ellie me seguiu até o segundo andar.

Joel e Tommy passaram a noite pensando em planos e trocando teorias sobre quem poderia ter feito tal ato, alguns nomes surgiram mas não levaram a diante. Estava deitada apenas encarando o teto enquanto massageava minha barriga, Joel entrou e retirou seu casaco, sentei-me na cama inquieta.

— Devia estar descansando. — Ele repreendeu, o encarei até que finalmente deitou-se do meu lado.

— Não consigo parar de pensar no que aconteceu, e se eu estivesse lá naquela hora? E agora o que vamos fazer? Como vou receber mais exames? É como se meus olhos estivessem fechados. — Segurei a barriga outra vez, Joel soltou um ar angustiado.

— Está tudo bem, ainda falta muito tempo. Vamos encontrar um médico nem que tenha que cruzar o país outra vez.

— E-eu não sei se quero que isso, não quero que vá pra longe por minha causa... — Me virei para o outro lado na cama, Joel se aproximou e acariciou minha barriga, aquela posição já havia se tornado nossa posição favorita.

Dormi ali mesmo sentindo o calor dos seus braços me envolvendo, meu sono foi tão pesado que nem notei quando Joel acordou logo cedo e saiu para investigar a explosão com o irmão. Quando acordei, troquei de roupa e comecei minha rotina, desta vez sem exames... tomei café-da-manhã, ajudei no refeitório da cidade, ajudei com as ovelhas e cavalos, depois fui à uma reunião com outras mães.

Nos sentamos em um círculo de conversa como sempre, Maria sentou-se do meu lado e me encarou como quem queria conversar mais tarde a sós. Ela encarou as outras mães, estavam todas assustadas e silenciosas.

A ÚLTIMA, The Last Of UsOnde histórias criam vida. Descubra agora