Capítulo 8 - Aprendizados

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Aquelas pessoas não paravam de me olhar de cima embaixo. Não sei se gostavam do que viam ou se tinha algo de errado com a minha aparência. Finalmente uma mulher loira se aproximou.

- Bem-vinda senhorita Pereira, sou Marina, a diretora administrativa da Sex and Love's Corporation. Pode me acompanhar, por gentileza, que vou te mostrar a sua sala.

- Marília disse que seria um diretor, aconteceu alguma coisa? - perguntei confusa.

- Ah... sim, é que a senhorita Mendonça o mudou de cargo hoje cedo e pediu que eu a acompanhasse para aprender com a senhorita.

Claro, a senhorita mandona Mendonça já tinha que mostrar que estava no controle.

- Certo, então vamos lá? - as pessoas continuavam me encarando, qual é a dessa gente? - Os senhores já podem voltar aos trabalhos. - Falei caminhando atrás de Marina.

Chegamos à minha sala e de cara fiquei encantada com aquilo. Era muito parecida com a de Marília em Londres, era perfeita! Até o maldito tapete que eu quase fui de testa no chão era bem parecido. Entrei na sala e foi inevitável que as lembranças da nossa briga invadissem a minha mente. Tentei espantar aquelas recordações. Se mantenha firme, Maraisa. Você está aqui a trabalho, precisa ser firme.

- Então Marina, vamos começar? Me atualiza? - perguntei a loira na tentativa de concentrar em outra coisa, mas a verdade é que eu queria que outra loira estivesse comigo. Não. Estamos brigadas.

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Os próximos dias foram intensos. Marília já havia me treinado, a parte técnica eu já tinha, mas a realidade dos países era totalmente diferente, estava tendo que me adaptar a isso.

Falei com a Marília algumas vezes durante esses dias, mas apenas assuntos profissionais. Sentia falta da minha amiga, sentia falta de conversar com ela a qualquer hora, de receber o carinho dela... Mas estava começando a achar que nossa relação seria estritamente profissional no final das contas.

Terminava alguns relatórios com a Marina quando meu celular tocou. Olhei para o nome naquele visor e senti um friozinho na barriga. Ainda tinha essa, sempre que ela ligava, por mais profissional que eu estivesse sendo, o meu corpo reagia de outra forma, como se eu me importasse demais. E eu realmente me importo, está cada vez mais difícil manter a situação do jeito que tá.

- Bom dia, Srta. Pereira! - disse aquela voz rouca que eu tanto sentia falta.

- Bom dia, Srta. Mendonça! Tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

- Não... Tá tudo certo. Só estou ligando para te falar que eu estou indo para o Brasil amanhã. Quero te mostrar melhor a empresa e acompanhar mais de perto por mais uma semana aí no Brasil. Não consegui ir ainda porque estava atolada aqui e hoje é o aniversário da Vitória, não posso perder. Mas a partir de amanhã vou deixar o Bruno como responsável e vou, ok? Só para te avisar mesmo.

Marília falava tão rápido que quase que eu não conseguia acompanhar. Meu Deus... ela viria ao Brasil... e ainda ficaria uma semana.

- Er... tá, tá bom. Estava precisando mesmo de uma ajuda em alguns processos aqui. - falei tentando segurar o meu entusiasmo.

- Certo, e Maraisa?

- Diga, Marília!

- A gente precisa conversar. - disse com um tom de voz mais sério.

- Você falando em conversar? Isso é engraçado, Marília! Você odeia...

- É, mas eu converso com quem eu me importo.

Ok... A gente realmente precisava conversar, talvez essa situação já estivesse interferindo no nosso trabalho e... eu sentia a falta dela, sentia mesmo.

À Beira do Penhasco | Malila Adapt.Onde histórias criam vida. Descubra agora