Capítulo 28 - Lar

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Acordei com Maraisa deitada em cima de mim como um carrapato e dei uma risadinha. Pelo meu relógio, faltava pouco tempo para pousarmos.

- O que foi, mulher?

- Estou com fome, Maria Meiosonsa! Tem comida nesse avião chique?

Dei uma gargalhada. A gente havia esquecido completamente de comer direito, mas é claro que eu tinha pedido para que preparassem uma comidinha para nós duas.

- Meu Deus! Acho que o whisky ajudou a gente a apagar mais rápido e sem comer! Tem comida lá dentro, pedi salmão com legumes e purê!

Maraisa deu um pulo da cama na mesma hora e foi em direção ao compartimento do jatinho onde estava a comida.

- Quer, Marília? - ela gritou me fazendo rir ainda mais.

- Já está em casa, hein? - eu gritei de volta e Maraisa gargalhou.

A risada dela me deixava tão feliz e cada vez mais eu sentia isso. Vê-la feliz era uma das coisas que mais me faziam bem.

- Tô com uma fome do cacete! - ela disse ainda da cozinha.

- Eu quero, traz o meu, por favor!

Começamos a comer enquanto conversávamos sobre onde iríamos primeiro quando chegássemos em Londres.

- Isso está muito bom, meu Deus! - ela disse e eu sorri.

- Está bom mesmo, saudade de uma comidinha né!

- Queria ir ver minha mãe... - disse Maraisa ansiosa.

- Você já quer os documentos hoje? - perguntei enquanto comíamos.

- Eu preciso resolver isso Marília... Mas não só por isso, estou cheia de saudade dela, do Marco, do meu pai...

- Pai? - perguntei confusa.

- Miguel. Eu chamo ele de pai né, me criou como filha... no papel e no meu coração é o que ele é. - ela disse e eu abri um sorriso.

- Fico feliz de vocês terem essa proximidade. É bom para você ver que seja o que descobrirmos, a sua criação veio de pessoas incríveis.

- Tem razão... - disse a morena pensativa.

- Que foi? - perguntei curiosa.

- Não... é só que... às vezes acho que sou egoísta por querer saber de quem não está nem aí para mim, quando tenho pessoas que me amam de verdade pelo que eu sou, entende? Mas ao mesmo tempo é uma parte da minha vida que me desperta curiosidade, que mexe comigo e...

- Ei, ei, ei... não pira! - eu disse segurando a mão dela. - Não tem nada a ver, você tem o direito de querer saber sim e não é egoísta por isso. É a sua vida, está tudo bem você querer saber, ainda mais quando é algo que tira o seu sono!

- Tudo bem... Vou tentar não pilhar tanto, estou parecendo uma doida, né?!

- A doida mais linda que eu já vi! - eu disse e dei uma risadinha enquanto ela beijava a minha mão.

- Mas primeiro a gente pode ir para o meu apartamento tomar um banho e organizar as coisas, né? Ainda é cedo, vai dar 6h! - eu disse e Maraisa terminava de juntar as embalagens onde comemos.

- Claro, podemos ir! - ela disse e eu sorri.

Em pouco tempo o avião pousou e pegamos um Uber para o meu apartamento.

Assim que entrei no apartamento fui dominada por uma onda de emoção. Larguei as malas imediatamente no chão e cobri o rosto com as duas mãos enquanto as lágrimas vinham.

À Beira do Penhasco | Malila Adapt.Onde histórias criam vida. Descubra agora