Capítulo 20 - Fênix

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POV Maraisa

Aquela pergunta fez o meu coração gelar, imediatamente soltei a mão de Marília e a encarei profundamente enquanto ela ainda lutava para abrir os olhos, acho que... talvez a claridade estivesse a atrapalhando.

Calma, Maraisa. Foram 7 dias de coma, talvez ela precise do tempo dela para reorganizar tudo. Mas, não me contive, comecei a chorar mais forte enquanto o medo ia me dominando.

- Marília... Marília sou eu... Maraisa! - Peguei em sua mão de novo e levei até meus lábios dando um beijinho demorado.

Marília me olhou nos olhos, mas eu não conseguia decifrar o que havia naquele olhar. Ela percorreu os olhos por todo o quarto, passando por Maiara, Luísa, Ruth, Marco e logo concentrou aquelas órbitas verdes em mim de novo.

Ela parecia confusa enquanto eu a encarava chorando ainda mais. Não, não pode ser... ela precisa se lembrar! Ela... ela tem que lembrar! Eu sentia tanta falta daqueles olhos que, agora, quando eu olhava para eles, era como se tudo estivesse mais claro. Marília permaneceu alguns segundos em silêncio.

- Lila... você... você se lembra de mim, não é? – perguntei em um fio de voz enquanto Maiara segurava os meus ombros.

- Marília, você não se lembra, minha filha? – perguntou Ruth preocupada.

Marília me encarou de uma forma intensa, alguma coisa havia ali, mas ela simplesmente não dizia nada. O que eram segundos, pareciam horas de espera para mim.

- Onde eu tô? – perguntou Marília e eu já estava sentindo tudo girar. Soltei a mão dela e me afastei, sentando na cadeira ao lado.

Não era justo. Não pode ser, ela não pode perder a memória, não pode. Eu quero a minha Marília, eu não iria suportar mais essa.

- Marília... sou sua irmã, Luísa, você se lembra? Você sofreu um acidente de carro enquanto estava indo em um jantar com a Maraisa, agora está no hospital Albert Einsten. Você... você está bem? – Luísa disse entre suspiros.

- Eu... Eu não me lembro. - Marília falou com uma expressão confusa.

Aquilo foi como um soco no meu estômago. Como não se lembrava? Apoiei o cotovelo em minha coxa e abaixei a cabeça sobre as minhas mãos.

- Marília, filha... Sou eu, Ruth, sua mãe, Marília! Você não se lembra? - perguntou Ruth levando a mão de Marília sobre seu peito enquanto as lágrimas escorriam.

- Marília, minha filha, qual é a última coisa que você se lembra? Tente, tente lembrar de alguma coisa. - disse Marco preocupado e se aproximando da loira.

- Er... Eu estava em Londres, acho que preocupada porque eu precisava contratar alguém novo...

- Você lembra que conversou comigo, Marília? Você ficou irritada quando falei de seu pai, lembra? - falou Ruth já começando a se desesperar.

- Marília você contratou a Maraisa, você não se lembra? Ela é renomada como você, do jeitinho que você gosta e... Vocês... Vocês construíram uma amizade ou sei lá, algo mais, lindo... A Maraisa nunca saiu de perto de você, Marília. - Luísa falava enquanto eu já não aguentava mais controlar o meu choro.

Nesse momento meu coração gelou. Ela não se lembrava de quem ela havia contratado? Ela não se lembrava... de mim? Não, não, não, não Deus... Isso não pode estar acontecendo.

Marília olhou para Luísa nos olhos, era indecifrável e eu não suportava aquele olhar como se não tivéssemos vivido nada. Senti meu mundo desmoronar naquela cadeira de hospital.

Maiara segurou os meus ombros de novo, minha amiga já havia presenciado muitas fraquezas minhas, mas agora era algo ainda mais intenso. Viver com a possibilidade de Marília não se lembrar de mim mais era insuportável.

À Beira do Penhasco | Malila Adapt.Onde histórias criam vida. Descubra agora