Capítulo 39 - Quando a Dor Fala

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Alerta de gatilho no capítulo!

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Arranhei a garganta para conseguir falar da melhor forma possível e respirei fundo.

- Estou bem, amor! Estou terminando!

- Estou aqui, viu? - ela disse com uma voz preocupada.

Perfeita. Não tem como eu não me questionar se eu mereço mesmo todo esse cuidado.

- Eu sei, Lila... Já saio!

Terminei o banho e me forcei a esquecer aquelas lembranças. Desliguei o chuveiro e me olhei no espelho. Hoje não, Maraisa. Hoje você vai curtir a sua namorada. Saí do banheiro e Marília me olhou de rabo de olho.

- Um beijinho para fazer você esquecer seja lá o que está te atormentando! - ela disse se aproximando de mim e me deu um selinho demorado.

- Obrigada... - sussurrei contra os lábios dela.

Logo acabamos de nos arrumar. Marília pediu um carro e seguimos para o museu.

Foi tudo incrível, o museu de Anne Frank era a própria casa, e, a cada cômodo, um relato diferente. Eu e Marília estávamos mais próximas do que nunca, líamos uma para a outra cada relato e apreciávamos cada parte e cada momento nosso.

Voltamos tarde do museu e logo deitamos frente a frente. Passamos a noite juntinhas, trocando carinhos e beijos até pegar no sono.

Acordei com a claridade entrando no quarto e Marília ainda estava dormindo grudada em mim. Dei um sorriso para aquela cena, percorri os dedos em seu rosto e ela abriu aqueles olhos verdes, indo de encontro aos meus castanhos.

- Bom dia, Maria Meiosonsa! - eu disse com um sorriso.

- Bom dia, Marabrisinha! - ela disse me fazendo dar uma risadinha.

O dia correu muito bem, eu estava tão leve e feliz como nunca estive depois daquele dia. Marília me levou ao Parque das Tulipas, aquilo era o próprio paraíso. Corremos entre as flores e passamos cada minuto juntas. Paramos para almoçar em um outro restaurante ali perto, estava tudo perfeito.

As lembranças não vieram me visitar desde então. Eu me sentia muito melhor, acho que finalmente eu estava conseguindo superar.

- O que tem ali, Marília? - perguntei enquanto caminhávamos próximo ao parque.

- Patinação no gelo! - ela disse me olhando com uma cara sapeca.

- Nem pense nisso, loira! - eu disse dando uma risada.

- Vamos comigo, pufavôooo meu amor! - ela disse com aquela maldita voz rouquinha.

- Ô Marília... Eu nem sei nem andar sem tropeçar, quem dirá patinar no gelo! Eu vou cair de boca e ela vai ficar mais torta do que já é! - eu disse e Marília gargalhou.

- Faz um biquinho para eu ver! - ela disse parando na minha frente e eu fiz o que ela pediu.

- Awwwwwn é tão bonitinho, olha só... É bonitinho! As pessoas pagam caro para ter uma boquinha dessas, Maraisa! - ela disse segurando o meu biquinho e me deu um selinho.

Desfiz o bico e a puxei pela cintura dando um beijo de língua como ela merecia.

- Ok... O que eu ganho se eu for? - perguntei cerrando os cílios.

- Hum... Eu faço um jantar hoje em casa, fondue e vinho! - ela disse tentando me convencer.

- Ok... Ok... Eu me rendo à sua culinária, Marília Mendonça! - eu disse e ela deu uma risada seguida de mais um selinho.

À Beira do Penhasco | Malila Adapt.Onde histórias criam vida. Descubra agora