Capítulo 9 - Mágoa

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POV Maraisa

Dei um salto da cadeira e quase caí, derrubando o porta canetas no chão.

- Marília! Quer me matar do coração? Que susto! - falei pegando o que havia caído.

A loira dava gargalhadas enquanto eu terminava de ajeitar as canetas e passava a encará-la com as duas mãos na cintura.

- Bom dia, senhorita Mendonça! Pode me explicar o motivo da graça? - perguntei tentando manter uma postura séria.

- Você fica tão fofa com essas mãos na cintura e essa cara de brava, você tinha que ver! - disse ainda dando risada. - continua assim que eu vou começar a te chamar de Marabrisa.

- Para de graça, Marília. Não tem graça.

Marília deu mais uma gargalhada.

- Marabrisa, Marabrisa! Você ainda tá com raiva de mim?

- Tô, você continua me enchendo o saco

- Cê tá tão séria mozão, nossa senhora! - Marília dizia com uma voz de criança mais fofa do mundo e uma carinha meiga que eu tive que juntar todas as minhas forças para não pular no colo dela.

- Tô mesmo. - falei demonstrando o máximo de indiferença. - Você acha que vai me conquistar de novo com essa voz de criança e com esse papinho de Marabrisa aí? Tá bem enganada!

- Ô môdeuso! Tá muito brava, tá parecendo a Agnes de Meu Malvado Favorito agora. Tão pitiquinha!

Droga! Essa loira é o meu céu e meu inferno juntos, eu tenho certeza.

- Veio me chamar de criança de novo? - perguntei séria e ela logo ficou séria também.

- Me desculpa, eu não devia ter me alterado com você. Devia ter sido mais paciente, mas eu não retiro nada do que eu disse. Talvez a forma como eu falei tenha causado uma confusão para você, que já estava com muita coisa na cabeça... Mas eu ainda acho que aquela não é uma boa ideia. Eu estou do seu lado, eu quero te ajudar se você me permitir, mas vamos fazer a coisa certa? Eu não suportaria que alguma coisa acontecesse com você, ainda mais sob os meus cuidados. Eu... Não quero e nem suportaria te perder.

Aquilo soou tão bonito que eu não me aguentei mais. Fui até ela e dei um abraço. Coração com coração. Que saudade desse toque, desse colo, desse perfume, que saudade da minha... Acima de tudo, amiga. Senti meu corpo formigar a medida que aquele abraço ficava mais apertado. Finalmente nos afastamos, segurei nas mãos dela e comecei a falar.

- Tudo bem, Marília... Eu que te devo desculpas. Eu não encontrei com o suposto meu pai - nessa hora senti os ombros dela relaxarem, como um alívio. - Fiquei esse tempo todo pensando nas coisas que você me disse e vi que você tinha razão. Eu tô com a cabeça a mil, Marília... As minhas emoções estão à flor da pele e eu não consigo ser racional às vezes. Me desculpa por ter brigado com você daquela forma. Mas é que... Eu tô me agarrando em qualquer tipo de esperança, você entende?

- Eu te entendo. Eu devia ter parado o assunto antes de ter chegado a aquele nível. Mas fiquei com tanto medo de você realmente fazer aquelas coisas que eu só queria gritar e te impedir. Não quero que você se machuque.

- Está tudo bem... Eu não fiz nada, só fiquei aqui na empresa. E olha, sobre o que eu falei de apenas assuntos profissionais, não quero isso. Eu sinto sua falta, senhorita toda poderosa Mendonça. Sinto falta da gente...

- Eu também sinto, muita! Vamos esquecer tudo isso? Eu vou te ajudar com tudo que você precisar, mas vamos com segurança e com prudência, ok? Me deixa ser a sua racionalidade agora?

À Beira do Penhasco | Malila Adapt.Onde histórias criam vida. Descubra agora