Shinki: Meus Dias em Capítulos

T2 - Capítulo 6: Um final feliz

Eu confesso que estava morrendo de vergonha. Eu odeio chorar na frente de alguém, ainda mais se esse "alguém" for o meu pai. Seria como mostrar um lado infantil ou por vezes considerado fraco.

- Shinki – ele diz enquanto segura a minha mão, que eu estava tentando usar para limpar as lágrimas – seu rosto está machucado. Se você fizer isso, pode piorar.

Uso a outra mão para limpar as lágrimas, instintivamente, mas paro logo em seguida.

Ele passa um braço em volta do meu ombro, quando fala:

- Fico feliz que tenha dito tudo isso. Podia ter dito há muito tempo, mas sei que pode ser difícil para você...

- Eu... Peço perdão por...

- Shinki, pare de se desculpar – ele fala, me apertando levemente contra ele – você não fez nada de errado em dizer o...

- Mas eu... Eu não deveria estar dando tanto trabalho porque eu nem sou seu fi...

- Não se atreva a dizer isso – ele diz em um tom muito sério – Não permito que ninguém diga isso, nem mesmo você!

Quando levando a mão para limpar o rosto novamente, ele a baixa.

- Você não deve nada a mim. Nada além do que qualquer pessoa deveria, por exemplo, respeito.

- Isso não é ver...

- Eu ouvi tudo o que você disse, até o fim. Agora é a minha vez, não acha?

Em um impulso tento limpar o rosto, DE NOVO, quando lembrei que ele não deixaria.

- É que... Sinto que você fala essas coisas para não me machucar ou algo assim... Qualquer um que tenha mais de dois neurônios na cabeça diria que eu devo muito a você. Você mudou a minha vida...

Enquanto eu falava, ele ainda mantinha o braço envolta dos meus ombros, olhando para baixo. Ele estava atento em cada palavra que eu pronunciava, mesmo sendo a vez dele falar.

- Isso está claro, e parece que a cada dia que passa eu ferro com a sua!

Eu levanto, fazendo o braço dele cair ao lado do seu corpo. Agora ele olhava diretamente em meus olhos.

- Você não tem tempo para esse tipo de coisa. É só ver essa situação mesmo! Você podia estar em casa, descansando, sendo que trabalha arduamente todos os dias, ou analisando algum documento importante para Sunagakure, mas não, você está aqui perdendo o seu precioso tempo ouvindo um monte de...

O pior é que eu acreditava em tudo o que eu estava falando, e isso doía ainda mais.

Paro quando sinto novamente o nó na garganta, porém decido continuar mesmo assim:

- Eu só te atrapalho... Muitas vezes sou ingrato e imaturo... Não consigo demonstrar como eu me sinto realmente em relação a você.

Me pergunto se não seria melhor se o Concelho simplesmente me matasse...

Olho para o hall do hotel, vazio, apenas com um guarda que acabou caindo no sono. Ainda bem que ninguém estava aqui para ver meu show de mer...

- Você é bem mau consigo mesmo, sabia?

- Sim.

Mas pelo menos sou sincero comigo mesmo também...

- Isso não é sinceridade, e sim conclusão precipitada, egoísmo. Já parou pra perguntar o seu pai se ele pensa o mesmo que você?

- Cala a boca...

Falo em um sussurro.

- Terminou? – meu pai fala, cruzando os braços.