3 - Tudo bem não estar bem!

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Nas frias e chuvosas manhãs de Outubro, os alunos de Hogwarts se arrastavam em direção ao salão principal para tomar café, era comum ver grupinhos conversando animadamente sobre algum assunto ou silenciosos e sonolentos. Nesta hora do dia era comum ver Rose Weasley palestrar empolgadamente sobre aulas, trabalhos e provas. Ela sempre esteve acompanhada de Logan, Alvo, Scorpius e Luke, que olhavam fixamente pra frente tentando se manter acordados enquanto a garota falava.

Depois das férias de Natal do ano passado Hogwarts precisou se acostumar com uma nova realidade. Os grupinhos animados ou não sempre paravam para encarar, o agora quarteto, composto de três sonserinos que tagarelavam sobre qualquer coisa tentando fazer com que Rose Weasley tivesse uma mínima reação. Os alunos demoraram um tempo para se acostumar com a inércia de Rose, mas uma hora o luto em que a garota se fechara passou de ser novidade.

Enquanto Rose perambulava pelos corredores, quieta, vazia e apagada, ninguém mais lhe encarava ou tentava falar com ela. As pessoas aprenderam cedo que tentar conversar com ela era pedir para serem ignoradas ou desencadear crises assustadoras na menina. Além do círculo fechado de primos e amigos próximos, ninguém mais tinha contato com Rose Weasley.

Hogwarts também se acostumou com o enorme grupo de pessoas de outras casas que começaram a fazer as refeições na mesa da Sonserina. No começo eles se reuniram para dar apoio a Rose e uns aos outros, afinal, cada um ali sentiu a perda de Logan de uma forma diferente. Mas com o tempo eles seguiram suas vidas, superaram a perda e retornaram às suas rotinas. Permaneceram se reunindo nas refeições por Rose, que ainda estava aérea, e mesmo que não admitissem, eles se acostumaram a estarem juntos.

Scorpius era o único que não pisava em ovos com Rose, estava sempre chamando sua atenção para alguma coisa ou a envolvendo nas conversas, mesmo que não obtivesse sucesso em noventa por cento das tentativas.

E não foi diferente naquela manhã de quarta-feira. Enquanto seguiam para a aula de Aritmancia, Scorpius reclamava por ter dado ouvidos a Rose e se matriculado nesta matéria.

— Puta merda Rose - ele exclamou enquanto analisava o tema do trabalho que tinham para entregar na próxima semana - Como você me convenceu a fazer essa matéria? O que é pior do que adivinhação? - ele perguntou sem esperar realmente uma resposta - Misturar isso com matemática, óbvio.

Olhando fixamente para frente, Rose continuou caminhando. No corredor do 5º andar passaram pelo banheiro dos Monitores, e duas primeiranistas cochichavam enquanto encaravam Rose, ela pareceu notar e apressou os passos em direção a escada. Scorpius dirigiu as meninas o olhar mais severo que conseguiu, elas constrangidas, rapidamente desviaram o rosto e seguiram o caminho.

Apressando o passo, Scorpius alcançou Rose na base da escada que dava acesso ao 6º andar.

— Sabe, se você não andasse por todo o castelo com cara de morta, as pessoas não comentariam tanto.

Inclinando um pouco a cabeça, Rose lhe direcionou um olhar que fez cada partícula do corpo de Scorpius gelar. Ela subiu os degraus rapidamente e Scorpius se arrependeu instantaneamente.

— Olha - ele a parou, segurando seu braço - Desculpe, isso foi rude.

Bruscamente Rose se desvencilhou das mãos do menino e entrou na sala. Sentando na ultima carteira se limitou a ignorar qualquer comentário que o loiro fizesse. Rose era plenamente consciente de que as pessoas tentavam socializar com ela, e que não vinha facilitando pra ninguém. Mas ela não conseguia, não enxergava um motivo para fingir que estava bem.

A aula do professor Vector começou com uma revisão sobre o que discutiram na semana passada, o fato do nome de uma pessoa conter indícios importantes de seu caráter e do seu destino. Enquanto o professor fazia perguntas sobre o que ensinou vários alunos levantavam as mãos ansiosos para responder e ganhar pontos para suas casas.

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