A Unexpected Life

7 - Segurança falsa.

Saindo da biblioteca Rose caminhou lentamente até as masmorras.

Fazia dois dias que seu pai havia lhe mandado aquela carta, em resposta aos seus questionamentos de ver alguém como salvador, e ela não conseguia tirar suas palavras da cabeça. Foi pensando nelas que ela parou na frente das duas amigas e tomou uma decisão.

— Eu sei - ela afirmou olhando para o chão.

Amélia e Alice param de conversar e se viraram na poltrona para encarar a ruiva, ambas com expressões confusas.

— Desculpa Rose, sabe o que? - Alice perguntou.

Avaliando os possíveis caminhos que aquela conversa seguiria, encarou as amigas e respirou fundo, se jogou na poltrona de frente para elas e falou um pouco mais baixo.

— Sei o que foi que me deixou irritada.

A compreensão atingiu as duas meninas que simultaneamente abriram as bocas em descrença e espanto.

Desde que voltaram a Hogwarts, Rose vinha, aos poucos, superando o luto por Logan. Estava sendo um processo lento e sensível e totalmente guiado e apoiado por Scorpius. Os amigos já haviam notado diferenças na maneira como a relação deles fluía, mas ambos pareciam alheios a esse detalhe.

Pelo menos até agora.

— Desenvolva - Alice pediu gesticulando com a mão para Rose prosseguir.

— Eu passei a noite em claro, lembrando daquela noite e do quão estranha eu estava. Passei aquele dia me sentindo deslocada, foi o dia que eu e o Logan... bom...

— Tudo bem, nós entendemos - Amélia se inclinou na poltrona e depositou uma mão sobre a dela.

— Enfim, eu estava me sentindo absurdamente carente, e eu sei lá o que foi que rolou naquela torre, o fato é, eu fiquei irritada por ele dizer que o tempo comigo não seria problema.

Novamente as meninas olharam para ela com espanto. Passaram um tempo avaliando o impacto daquelas palavras até Rose chamar a atenção delas.

— Vocês podem falar algo sabe? - ela pediu com um olhar nervoso.

— E você acha que ficou irritada especificamente por que? - Alice arqueou uma sobrancelha.

— Eu não sei.

— Eu acho que sabe - Amélia pontuou com um dedo levantado em sua direção - Só não quer admitir.

— Amélia

Alice pousou uma mão no braço da menina em um pedido mudo para pegar leve.

Rose desviou os olhos para a lareira e encarou o fogo. Afundou ainda mais na poltrona e percebeu as amigas trocando um olhar preocupado.

Rose sabia porque havia ficado irritada. É claro que ela sabia, vinha observando os passos de Scorpius a dias, quando deitava para dormir refletia sobre cada sentimento que despertava. Ela não era burra. Percebia os flertes, os olhares, os carinhos, a preocupação. Ela só não queria acreditar que estava entendendo certo.

De longe observou seus cabelos loiros caírem na testa quando se mexeu, empolgado no jogo de xadrez com Zabini. Como ímãs atraídos por ela, seus olhos subiram e encaram os dela. Scorpius sorriu, como sempre, aquele sorriso terno. Retribuiu o sorriso e levantou indo para o dormitório.

Amélia se levantou se seguiu ela, quando entrou no quarto com Alice, Rose estava sentada na cama, de pijama e apertava as mãos em seu colo.

— Um dia antes de começar as aulas eu encontrei uma carta no meio de um livro - ela levantou a cabeça - Tive uma das piores crises, quando estava minimamente mais controlada fui até meus pais e pedi ajuda. Não sei bem o que eu esperava que eles fossem fazer, mas foi bom. Acho que meu processo de superação começou ali, naquela noite.