15 - Crenças.

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Às vezes até o mais reservado toma decisões precipitadas. Decisões que sabe que talvez se arrependa. Talvez se conforte em saber que arriscou, mas mesmo assim teme o momento em que essa decisão retorne e se vire contra ele.

E neste momento, Scorpius estava esperando que a decisão de dizer para Rose que estava apaixonado, voltasse e socasse a sua cara. Fazia algumas semanas que eles se encontravam em um impasse. Ele se sentia errado, não era alheio a resposta de Rose a todos aqueles sentimentos, mas não entendia o que aquilo significava.

Rose relembrava todo dia o beijo que dera em Scorpius. Sentia vergonha por ter sido tão impulsiva e se autopunia com a idéia de que todos a odiariam quando soubessem. Ela não era alheia a Scorpius, sentia que ele retribuía aquele sentimento, mas não entendia o que significava.

Eles estavam preparados para cruzar essa linha? Talvez não, mas não havia mais o que fazer, mesmo sem perceber, ou sem se importar, eles avançaram e deram nome aquilo que queimava o peito quando estavam juntos.

Paixão.

Ainda era novidade para eles que quando se encontravam sozinhos despejavam um no outro todas as frustrações e decepções. Em algum momento a amizade deixou de ser suficiente e o contato mínimo deixou de surtir efeito. No ponto em que estavam, os beijos e toques eram portas para esvaziar todos os anseios que sentiam.

Ainda parecia estranho para eles a recém descoberta de que seus beijos, não os da bochecha, os beijos quentes e molhados, eram uma válvula de escape para todo o emaranhado esquisito de dúvidas e incertezas.

Quando estavam longe um do outro, se questionavam se estavam certos, juntos mandavam as dúvidas pra um lugar escuro e aproveitavam o momento.

Andavam pelos corredores conversando aleatoriedades sobre as aulas. Enquanto caminhavam suas mãos esbarravam acidentalmente, propositalmente. Encontraram Albus saindo de uma sala e se juntos seguiram até o Salão Principal para o almoço.

Albus poderia se considerar um ótimo observador, ele sempre estava atento ao detalhes, detalhes que por vezes passam despercebidos. Além de ótimo observador, Albus tinha uma intuição perspicaz.

Notou os olhares carregados de Scorpius para Rose, notou todas as vezes que ela roçava seu braço no dele, notou o olhar dele pousar demoradamente na boca dela.

Era difícil não notar a tensão que emanava dos dois.

Albus também notou o olhar confuso que ela sustentava no rosto quando se afastou deles em direção a próxima aula do dia. Também notou o mesmo olhar no rosto de Scorpius, enquanto olhava ela sumir pelo corredor.

Albus respirou fundo antes de virar de frente pro melhor amigo.

— Vocês não podem continuar fazendo isso - Alvo disse num tom firme.

— Não sei do que você está falando - Scorpius desviou os olhos, fugindo da inspeção de Alvo.

— Uma ova que não sabe Hyperion - falou irritado, encarou os sapatos por um minuto antes de prosseguir - Olha, com todo o respeito do mundo, sei que não quer ouvir isso...

— Então não fala - Scorpius interrompeu a fala do amigo subitamente - Por favor, não fala.

Andando apressadamente Scorpius saiu pelo corredor antes que Alvo pudesse ter a chance de pará-lo.

— Merda - Alvo chutou a mochila no chão e encarou a coluna de concreto a sua frente.

Ele sabia que seus dois amigos sairiam machucado dessa história, e ele temia que não houvesse nada que pudesse fazer para impedir. Ele tentava entender o que acontecia entre os dois, conhecia ambos bem o suficiente para saber que não importava quantas indecisões rondavam seus pensamentos, eles estavam entregues a necessidade que tinham um do outro.

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