17 - Inevitável.

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Nessa nossa jornada, chamada vida, algumas coisas são inevitáveis. Se apaixonar, esquecer onde colocamos as chaves, se machucar, admirar o céu em um pôr do sol, machucar uma pessoa que amamos, envelhecer, morrer. E dentre todas essas coisas, machucar e ser machucado exige uma resposta da nossa parte. Esquecer e perdoar. É algo que sempre ouvimos, esqueça e perdoe, é um bom conselho mas nada prático.

Sem perdão, os placares não zeram e as antigas feridas nunca fecham. E nesse caso podemos esperar que o tempo seja generoso e nos faça esquecer.

Rose estava encostada na grade da Torre de Astronomia, a aula havia acabado fazia muito tempo, já passava da hora de ter voltado ao seu salão comunal, mas ela não parecia perceber ou ligar. Observava a noite estrelada. Ouviu uma agitação atrás de si, mas não moveu nenhum músculo. Albus entrou no seu campo de visão e se colocou ao seu lado, passaram vários momentos olhando a noite, cada um perdido em seus próprios pensamentos.

— Eu estava voltando de um encontro com Alice e te vi aqui, pelo Mapa - Albus comentou.

— Preocupado que eu fosse me jogar daqui de cima?

Albus encarou o perfil de Rose, às vezes ele se esquecia do sarcasmo ácido da prima.

— Na realidade estava me perguntando porque você está pelo 4º dia seguido zanzando pela escola a noite, ao invés sabe, de estar na sua cama dormindo.

Rose permaneceu olhando para noite.

— Sabe o que eu acho? - Albus perguntou recebendo em resposta o completo silêncio - Acho que essa sua insônia tem nome e sobrenome.

Inspirando profundamente Rose olhou o primo e esperou que ele continuasse e falasse logo de uma vez o que queria. Albus encarou profundamente seus olhos e Rose podia jurar que ele conseguia ler sua alma.

— Você precisa parar com isso Rose.

— Não sei do que você está falando.

— Para o seu azar, sei que se fazer de desentendida é sua forma de não falar sobre algo. E não falar, não vai ser uma opção hoje.

Rose bufou e se virou novamente para a vista que se estendia a sua frente.

— Se você não quiser falar, tudo bem. Mas como uma das pessoas que ocupa um lugar de amigo na sua vida, eu vou falar e você vai me ouvir.

— Albus me poupe...

— Não, eu não te poupo Rose, eu não te poupo porque você não está poupando ele.

— Novamente tenho que dizer, não sei do que você está falando.

— Você pode continuar nessa ironia o quanto quiser - Albus já estava alterado, e ao ver a prima abrir a boca para protestar, emendou - Eu imagino o quanto você deve estar confusa, não posso dizer que entendo, mas eu imagino que não deve estar sendo fácil. E pode acreditar que muito menos para ele. Scorpius cresceu com Logan, eles eram amigos Rose. Logan conversava sobre você com ele. Você pode imaginar o quão confuso tem sido esses ultimos meses. E por favor você é mais inteligente que isso Rose. Você sabe que tem se aproveitado dessa situação, para sua autopreservação. O Scorpius tem te feito bem, ele tem te tirado do seu buraco. Mas por favor, olhe bem para essa situação toda, olha pra você, para o que você sente aí dentro e me diga se está sendo sincera, com ele, com você.

Albus fez um pausa e encarou novamente a prima.

— Ele te faz bem agora, enquanto você precisa de toda a atenção que ele tenha pra dar, você está usando isso a seu favor, pra você ficar bem. Mas você precisa enxergar o quão egoísta está sendo.

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