16 - Promessas.

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Scorpius sabia que não iria sobreviver se Rose decidisse quebrar seu coração, e ela tinha o poder de fazer isso de formas diferentes. Ele se sentia angustiado por dar tanto espaço em seu coração para um sentimento que ele não sabia se era puro.

Foi se questionando sobre isso que ele se dirigiu a Torre de Astronomia. Seus sapatos faziam eco no corredor vazio.

Quando pisou no último degrau da escada, seus olhos foram inundados pela perfeita visão de Rose encostada na grade com os cabelos bagunçando com o vento. Era difícil dizer o que fez seu coração saltar, o sorriso que recebeu ao chegar ao seu lado ou o cheiro doce que tomou conta de seu nariz.

No momento em que suas mãos se tocaram, qualquer preocupação que houvesse em sua mente esvaiu-se.

— Uma bela noite para se observar estrelas - ele comentou despreocupadamente.

— Toda noite é uma bela noite - ela sorriu.

Scorpius virou-se apoiando as costas na grade, Rose deu alguns passos e se encostou nele, apoiando as costas em seu peito. Segurou em suas mãos quando ele abraçou-lhe pelos ombros.

Ficaram alguns instantes assim, absorvendo esse pequeno momento.

— Scor?

— Hmm

— Você está bem?

— Estou, porque?

— Pra saber.

— Você está bem?

Diante do silêncio dela, Scorpius delicadamente a virou para que ficassem frente a frente. Seus olhos estavam carregados mas ele teve dificuldades de identificar do que.

— Rose, você está bem?

— Estou..

— Não pareceu muito convincente - apontou Scorpius.

Rose se desvencilhou dos braços dele e caminhou pela sacada da torre. Se debruçou e olhou para o céu.

— Eu quero que você me prometa uma coisa - ela pediu olhando profundamente em seus olhos.

— O que?

— Que você não vai se afastar de mim.

— Oras, eu não preciso prometer isso...

— Por favor Scor.

— Eu prometo Rose - ele se desencostou da grade indo em direção a ela - É claro que eu prometo. Nunca em um zilhão de anos eu me afastaria de você.

Rose havia desenvolvido essa coisa esquisita de se apegar ao medo de viver, quando deveria sentir medo de não viver. Deveria sentir medo de não conseguir ter coragem o suficiente para entrar no trem e partir em uma nova viagem. Rose sabia que por mais que embarcasse na viagem, seus medos a obrigariam a voltar e reviver suas incertezas.

Rose gostaria de dizer que exista uma razão plausível para o enorme medo que assombra seu peito, de que Scorpius lhe abandone. O medo de que ele encare esse cruzar de linhas de forma pesada e decida se afastar.

Existe outra coisa que ativa o medo em nosso organismo, a adrenalina, ela causa uma aceleração cardíaca e leva o nosso sistema a identificar uma possível ameaça.

Enquanto Scorpius envolvia Rose em seus braços, adrenalina corria em suas veias, e no momento em que seus lábios se tocaram, seu coração intensificou as batidas. O medo do seu coração partir inundou-o de tal forma que teve que se afastar e respirar fundo.

— Algum problema? - Rose perguntou com a voz baixa.

— Talvez.

— O que foi? - ela questionou com um tom de voz preocupado.

— Posso te pedir um coisa?

— Claro.

— Promete que não vai quebrar meu coração?

Rose se endireitou e olhou para seus olhos cinzas, sentia suas mãos tremerem e seu coração bater mais forte.

— Eu nunca vou quebrar seu coração Scor.

E ali sob as estrelas ambos se comprometeram com os maiores medos um do outro.

O que aconteceria com nossas vidas se não deixássemos que os "e se" tomassem conta de nossas decisões? Talvez se não fosse por tanta insegurança poderia ter dado certo. Às vezes bastava ter pedido, arriscado um pouco mais.

Porque deixamos o medo ser maior que a vontade de ser feliz?

Quantas oportunidades nós perdemos? Quantos momentos passam pra lixeira sem terem a oportunidade de serem arquivados?

O medo paralisa, limita, congela, eterniza as dúvidas.

O medo que diminui, desmerece, encarcera.

Absorvendo cada sensação que o medo lhe provocava, Rose observava Scorpius, em toda a sua beleza ele estava ali, ao seu lado. Sendo atencioso e carinhoso, mesmo quando isso parecia lhe custar suas certezas.

— Você não vem? - ela lhe estendeu a mão.

— Te encontro lá - ele comentou apertando sua mão levemente - Preciso de um tempinho sozinho.

— Tudo bem - ela sorriu e ficou na ponta do pé para depositar um beijo em seu rosto.

Enquanto descia os degraus da Torre, Rose pode sentir um peso cair sobre seus ombros, por mais que tentasse não se abalar, sabia que não sobreviveria se Scorpius decidisse se afastar. Essa era uma certeza que não mudaria nunca.

Ela poderia viver sem seus beijos, sem seus toques, mas sua amizade era preciosa demais, valiosa demais.

Enquanto Rose caminhava para as masmorras e Scorpius observava o céu, seus corações foram aceitando a verdade que suas razões ainda não estavam prontas para admitir.

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