Capítulo 27

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ISAAC HÉRNANDEZ(+18)

— Você veio mesmo, papai! – Sarinha corre na minha direção, seguro a mesma em meus braços e a rodo no ar. – Estou tão feliz.

— É claro que eu viria, minha pequena diabinha – após colocá-la no chão, movo meu olhar até Mari que usa uma camisola de seda branca, dois palmos à cima do joelho, deixando suas pernas torneadas a mostra. – Olá, Mari.

— Como está, Isaac? – pergunta, abrindo um falso sorriso.

Ontem, quando Mari me ligou eu fiquei surpreso com aquilo, já que desde que nos casamos nunca recebi uma ligação ou mesmo mensagem vindo dela. Mas quando vi sua autoridade na ligação, fiquei abismado, querendo saber de onde essa pequena menina insolente, tirou tanta coragem de falar daquela forma comigo. Porém logo entendi, assim que ela disse sobre o que era.

Realmente, depois da morte de Manuel eu fiquei um pouco desatento, em relação à minha filha. Eu sei que Mari cuida dela muito bem, por isso eu me permiti focar mais em meu trabalho, porém eu acabei de descuidado da minha filha, e isso eu não me perdoarei. Quantos sábados eu perdi, ficando longe da menina que têm o meu coração por completo. Irei reparar os meus erros desde agora.

— Trouxe isso pra você! – dou alguns passos para trás, saindo da sala de cinema, pegando o pequeno embrulho e retornando para dentro.

— Obrigada, papai. – fecho a porta, entro para minha filha e caminhamos até onde está os colchões no chão. Sarinha começa a desembrulhar e quando vê, abre um sorriso e Mari me olha.

— Você deu um carro pra ela? – Mari questiona, ao ver a chave na mão de Sarinha – Ela tem apenas seis anos, Isaac.

— Eu sei bem, esse é um carro de brinquedo, porém é bom igual à um de verdade. – respondo, a mulher na minha frente – Não precisa se preocupar, querida.

— Eu amei papai, muito obrigado! – pula em meu colo, quando já estamos todos sentados nos colchões – Qual é a cor dele?

— Branco, mas pode comprar de outras cores, meu bem.

— Não precisa, eu amei. – sorri docemente, se virando pra Mari – Mamãe, que filmes assistiremos?

— Uou, que tal alguma princesa da Disney? – Mari abre um sorriso, fazendo Sarinha concordar.

— Mulan, o que acham? – me pronuncio, fazendo as mulheres me olharem curiosas – É legal.

— Verdade! Pode ser Mulan, mamãe.

— Como quiser, pequena – Mari põe o filme, desligando as luzes e se aproximando de mim e Sarinha em seguida.

Mulan é um filme muito bom, saindo daquela falsa realidade de contos de fadas. Isso é bom para que Sarinha entenda, que nem sempre sua vida será mil maravilhas, como se passa em outros filmes. Gosto de preparar minha filha para o mundo real, onde há decepção, mágoa e muitas pessoas ruins. Sempre irei protegê-la, mas chegará um momento que terei que deixá-la caminhar com seus próprios pés.

Não demora muito e como esperado, Sarinha acaba dormindo em meus braços, ficando entre eu e Mari, a mesma também está adormecida. O filme já está quase no fim, me levanto com cautela para não acordá-las e com calma saio da sala de cinema. Faço meu percurso até a cozinha, onde é restrita apenas para os patrões, a cozinha dos funcionários é na parte de trás. Abro a geladeira, pego um energético e abro, bebendo em seguida.

— Fico feliz que veio – uma voz soa atrás de mim, me fazendo engasgar com o líquido que descia pela garganta. Começo uma série de tosses, fazendo a mesma se aproximar preocupada – Oh! Céus, eu lhe assustei?

Amor ao Pecado - Os Hérnandez 03Onde histórias criam vida. Descubra agora