Capítulo 29

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ISAAC HÉRNANDEZ

— Isaac, por favor – Mari sussura, com um ar de súplica. Meus olhos não desviam de Paolo, que exibe um sorriso debochado, ainda com as mãos na minha mulher.

— Se afasta dela, agora! – ordeno, ele continua sorrindo e dá dois passos pra trás com as mãos levantadas

— Não precisa de tudo isso, Isaac. – diz, pela primeira vez – Não irei machucá-la, apenas quis ajudar, já que foi culpa minha que ela iria cair.

— Cala essa boca, sua voz me irrita – mando, e o mesmo obedece.

— Isaac, abaixa essa arma – Iago aparece ao meu lado, encarando Paolo. Adrian e Martim também estão aqui, apenas o olhando, Gio segura no braço de Mari tirando a mesma da minha frente – Vaza daqui, Paolo.

— Senhor, eu não fiz..

— Eu te fiz alguma pergunta? Em? – Iago se altera – Apenas ordenei que saísse, não que se explicasse.

Paolo se afasta em silêncio, continuo o encarando enquanto se retira. A música volta a tocar e todos continuam o que estavam fazendo, sem se importar com o ocorrido. Somos de uma família de sangue quente, não é novidade que tenhamos nos estressado com algum membro em festa. Mari ainda está ao lado da Gio, mostrando o quanto nervosa ela está.

Me aproximo dela, recebendo sua atenção rapidamente. Quando seus olhos cor de mel encontram os meus, sinto como se fosse um soco no estômago. Ela não esconde o desespero, e só agora percebo o que fiz, Mari estava com medo, demonstrou isso e eu ignorei por puro capricho. Gio se afasta, quando eu a olho, me deixando sozinho com Mari.

— Me desculpe por agora pouco, eu me descontrolei – foco meu olhar nela – Não sei o que deu em mim, apenas de vê-lo te tocando eu me.. vi cego de ódio.

— Eu entendo que quis me proteger – entrelaçar seus dedos e aperta – Apenas não estou acostumada, sabe?

— Sei, sim – toco em seu rosto, sentindo sua pele macia e quente – Terei que resolver alguns assuntos agora, fique com as mulheres, qualquer coisa vá atrás de mim ou me ligue.

— Okay – morde os lábios, de forma sensual – Mais alguma coisa?

— Não tire os olhos de Sarinha, por favor.

— Pode deixar.

Com passos lentos me afasto de Mari, indo na direção das escadas. Subo rapidamente até o segundo andar, entrando no primeiro corredor e dando de cara com a porta do escritório fechada. Sem permissão, abro a porta e encontro meus primos e tios sentados pelo local arejado. Iago está com uma expressão nada contente, sentado em sua proltona.

— Essa sua cara feia é pelo o que fiz, ou tem algo à mais? – questiono brincalhão, fazendo meu primo revirar os olhos.

— Paolo não foi convidado, e nem estava na lista de convidados – Adrian resmunga, enquanto brinca com o seu revólver em mãos.

— Então como ele entrou? – pergunto, ao me sentar ao lado do meu tio Elias.

— Com isso – Martim entrada o tablet em minhas mãos, onde se passa uma imagem da rua de Iago. Um carro grande e preto para rapidamente, e quando o carro cinza passa ao lado, as janelas se abrem por alguns segundos e o convite vermelho é entregue.

— Estão ajudando esse maldito – me levanto rápido, entregando o tablet à Martim – Ele deve estar trabalhando com os Mexicanos!

— Não podemos tomar decisões ou suposições precipitadas! – meu tio Fred se adianta em dizer – Temos investigar mais a fundo, o que aquele mexicano lhe disse mesmo?

— Existe mais um informante poderoso, que deseja justiça e quer nos derrubar.

— Então escolheram mal, Paolo é tudo menos poderoso – Adrian provoca – É um verdadeiro bunda mole.

— Tenho que concordar com Adrian. Paolo nunca nos questionou sobre termos matado sua irmã e seu pai, sempre abaixou a cabeça e obedeceu calado – Iago dispara – Com um ódio consumido por nós, ele decide se unir à nossos inimigos.

— E derrubar a Espanha – Martim completa – Paolo têm raiva por não ter me casado com sua irmã, e ainda por cima, ter matado ela.

— Isso é motivo de sobra para nós odiar, tio! – Adrian encara nosso tio Fred, que mantém sua expressão séria e atenta.

— Vão atrás dele, levem para o galpão, façam o que deve para derrubar os mexicanos – autoriza, fazendo todos sorrirem, até mesmo Iago – Só peço que tomem cuidado.

— Paolo está com raiva, não excitará em matá-los na primeira oportunidade – tio Elias relembra – Vou montar as tropas e avisá-los.

— É hoje que esse filho da puta vai conhecer Hades.

[...]

O carro está locomoção em direção à minha mansão, Sarinha está adormecida no bando de trás e Mari está ao meu lado, focada na janela onde reflete a madrugada nevada. A babá de Sarinha foi no outro carro com os seguranças, nos dano mais privacidade.

Não entendo o que aconteceu comigo quando vi Paolo a segurando, uma raiva me possuiu de forma instantânea. Eu queria arrancá-la dele e matá-lo ali mesmo, na frente de todos. Nunca senti algo tão possessivo por alguém e isso está me deixando pensativo. O que há em Mari? Porque me deixou daquele jeito? Eu sempre fui tão pacífico e centrado.

Deve ser estresse acumulado.

Es un mandato de Dios – Mari cantarola, me fazendo prestar mais atenção na música que canta – La expresión de su voz.

En la forma perfecta – completo, fazendo ela abrir um sorriso e me olhar intensamente – Es sortilegio de amor.

— Es milagro de dos – cantamos juntos, com o olhar fixados, formando-se um só – Un encuentro de almas.

A música é finalizada, o olhar de Mari muda para um envergonhado. O carro já está estacionado à algum tempo, nesse instante ela sai do mesmo rapidamente, fechando a porta. Posso ver seu corpo se mover rapidamente entre a neve caindo e entrar dentro da mansão. Olho para Sarinha ainda adormecida e abro um sorriso, a mesma dorme calmamente e isso é muito bom.

Un encuentro de almas.. – repito a música, abrindo um sorriso bobo – Isso está mais pra um amor cheio de pecados.

É um mandato de Deus
A expressão da sua voz
Na forma perfeita
É sortilegio de amor
É milagre de dois
Um encontro de almas

Amor ao Pecado - Os Hérnandez 03Onde histórias criam vida. Descubra agora