Capítulo Dezenove - Romeu e Julieta

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Fui para o fundo do trailer, sentando no sofá cama e olhando para fora. Eddie veio atrás de mim e sentou na minha frente. Apoiei os braços no encosto do sofá e relaxei a cabeça neles, o encarando.

– Me fala um pouco sobre a sua família – pedi.

Eddie me encarou de volta, pegou uma das minhas mãos e começou a brincar com os meus dedos.

– Sobre o que exatamente?

Dei de ombros.

– Quero saber mais sobre de onde você veio. Você falou do seu pai mais cedo... Fiquei curiosa.

– Mesmo sabendo que isso pode fazer você fugir?

Neguei com a cabeça.

– Você não vai se livrar de mim tão fácil.

Eddie suspirou, puxando minha mão para ele. Virei meu corpo e encostei minhas costas em seu peito, deitando em seu abraço. Ele passou os dois braços em volta de meus ombros e repousou o queixo em minha cabeça. Segurei suas mãos, esticando minhas pernas para frente.

– Meu pai me criou até meus nove anos, minha mãe fugiu assim que percebeu que ele era completamente pirado da cabeça, eu nem conheci ela, e tem meu tio, Wayne, que deu a vida para me criar.

Eddie fez carinho em meu rosto. Aninhei-me em seu colo quando o gelado de seus anéis tocou minha pele, fazendo meu corpo inteiro tremer de excitação. Me remexi, tentando focar apenas na história.

– Meu pai era um alcoólatra, viciado em jogos, roubava carros por diversão... Eu sempre imaginei que eu acabaria igual ele. Um cara de vinte e um anos, ainda no ensino médio. Apesar disso, sempre dei meu máximo pra ser o exato contrário dele. Wayne ganhou minha guarda quando meu pai... Bom, ele quebrou uma garrafa de vidro em mim, na minha cabeça. Precisei levar muitos pontos.

– Eu sinto muito.

– Tudo bem. Depois que fui morar com Wayne as coisas melhoraram muito. Não ficaram perfeitas, mas melhoraram muito.

Concordei com a cabeça e ele riu.

– Mas você entende o que é ter pais problemáticos. Não vou ficar me colocando em um papel de vitima quando você também sofreu com a sua família.

– Nada comparado a isso. – O encarei, ficando de lado em seu colo, com a minha cabeça apoiada em seu ombro. – Tudo bem, meu pai e minha mãe nunca estiveram presentes na minha vida, eles surtaram quando descobriram quando eu entrei na CalArts ao invés de achar um marido importante e rico, meu irmão me criou como meu pai, eu admito, foi difícil, mas nada comparado ao que você passou. Apesar dessas coisas, eu sempre tive tudo que eu quis, financeiramente. Steve nunca deixou me faltar nada emocionalmente. Meus pais nunca colocaram um dedo em mim. Você não está se colocando em um papel de vítima, você sofreu... E muito. Sofreu de um jeito que eu nunca vou entender. Pelo amor de Deus, eu nunca tive um emprego na vida.

Eddie abriu um sorriso doce. Levou o dedo até meu rosto, afastando um fio de cabelo e o posicionando atrás da minha orelha antes de deslizar até meu queixo, o segurando. Seu nariz roçou por um tempo no meu antes de seus lábios encostaram suavemente nos meus em um beijo doce e tranquilo. Ele se afastou, olhando profundamente em meus olhos enquanto afagava minha bochecha com os nós dos dedos.

– É muito errado eu dizer que eu estou mais feliz agora do que eu fui a minha vida toda? – Neguei com a cabeça, sorrindo. – Com a mulher dos meus sonhos no braço, a caminho de comprar armas para parar o apocalipse. – Dei risada.

– Não é errado. Eu também estou feliz... O mais feliz que eu já estive durante toda a minha vida. – Meu sorriso desapareceu. – Em partes.

– Quer me contar o que incomoda esse coraçãozinho lindo?

My queen of HellfireOnde histórias criam vida. Descubra agora