Capítulo Vinte e Quatro - Para Madeline, com amor

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Coloquei mais algumas peças de roupas na quinta caixa que eu havia separado, a maior parte delas com edredons antigos, bichinhos de pelúcia e agasalhos confortáveis. Levantei do chão, me apoiando nas muletas. Empurrei a caixa com dificuldades até a porta e gritei para meu irmão ir buscar.

– Você quer ajudar a levar na escola? – perguntou ele, segurando uma delas na mão.

– Acho que sim.

– Vamos ter que passar na Nancy pegar algumas coisas.

– Sem problemas.

– E depois Dustin e Lucas querem ir ao hospital ver Max.

Bile subiu pelo meu esôfago, mas eu disfarcei.

– Sem problema.

Steve me olhou com os olhos cerrados.

– Vou carregar o carro.

– Vou trocar de roupa. – Ele concordou com a cabeça e desceu.

Manquei até o armário e andei por ele. Coloquei uma calça jeans azul clara e um moletom confortável. Escolhi apenas um pé de tênis e me sentei no banquinho ao lado dos sapatos para calçá-lo. Olhei para cima e vi, pendurada ao lado dos cachecóis, a guitarra que eu tinha pego da casa de Eddie. A encarei e suspirei.

– Você merece estar em um lugar melhor.

A peguei e voltei para o quarto. Parei de frente para minha penteadeira, onde eu havia trocado tudo pelas coisas de Eddie. Suas camisetas repousavam ali, sua colônia bem perto de uma foto sua e, agora, a guitarra, que eu pendurei ao lado do espelho.

– Agora sim.

– Madeline, vamos logo – apressou Steve. O ouvi subindo as escadas.

– Já estou indo.

Parei ao seu lado e ele me segurou no colo. Me levou assim até seu carro, que tinha o porta-malas lotado de coisas.

Enquanto dirigia, Steve parecia inquieto, como se tentasse me dizer algo, mas sem saber como se expressar.

– Desembucha logo – pedi.

Steve suspirou.

– Eu vi o mini altar que você fez para ele. Eu estou preocupado com você.

– Não foi um altar. Não tem velas – estrilei.

– Você entendeu o que eu quis dizer.

O encarei.

– Eu só não estou pronta para o deixar ir, para seguir em frente tão de cara. Eu sei que uma hora eu vou, mas não ainda. Aquilo é só... Eu não consigo deixar aquilo guardado.

– Tudo bem – concordou ele, ainda meio incerto. – Eu só não quero você obcecada nisso.

– Eu vou ficar bem, Stevie. Prometo.

Ele suspirou, segurando na minha mão.

Parou na frente da casa de Nancy e me ajudou a sair do carro enquanto ela aparecia na porta com uma caixa gigantesca na mão, seguida de Robin, que carregava outra.

Encostei no carro enquanto Karen trazia caixas e mais caixas de suas coisas para doar para as famílias que estavam se abrigando na escola, as famílias que tiveram suas casas destruídas pela cratera.

– Ei, Nance – disse Karen. – Achei mais coisas antigas no sótão.

Nancy andou até a mãe e olhou dentro da caixa enquanto eu tentava ajudar Robin, Dustin e Steve a colocar as coisas no porta-malas.

My queen of HellfireOnde histórias criam vida. Descubra agora