Capítulo Sete - Volte para ele

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E aquilo estava se repetindo de novo. Toda aquela loucura do jogo havia se tornado real mais uma vez.

Olhei para todos em volta daquela garagem escura e suja, eu não iria aguentar perder mais nenhum deles. Eu fisicamente não aguentaria. Meus braços começaram a tremer e minha respiração a acelerar. Eddie percebeu, segurando minha mão com ainda mais força.

– O que fazemos agora? – perguntou Steve.

– Antes de qualquer coisa, eu preciso de comida – falou Eddie. – Eu não como há horas.

Dustin concordou com a cabeça.

– Nós vamos buscar algumas coisas para você – disse ele. – Mas precisamos achar algum lugar aberto antes, e descobrir algumas coisas. Podemos demorar um pouco.

– Tudo bem – concordou Eddie.

– Você vai ficar bem aqui? – perguntei e ele concordou com a cabeça. – Tudo bem. – Me levantei e Eddie soltou da minha mão, relutante.

– Se tranque, tente parecer o mais invisível possível. 

 – Mas tome um banho – pediu Steve. – Você está péssimo. – Eddie riu.

– Eu prometo que voltamos logo – falei. – Tente dormir um pouco.

Robin saiu da garagem, lançando um sorriso para Eddie. Depois Max, depois Steve e depois Dustin. Eu fui a última a sair, e encarei Eddie por um tempo, segurando a porta.

– Tem certeza que quer ficar sozinho?

Ele deu de ombros.

– Não seria minha primeira opção, mas eu estou acostumado. – Ele abriu um sorriso fraco. – Eu vou ficar bem, Madeline.

Concordei com a cabeça, respirando fundo e puxando a porta atrás de mim depois de sair.

Corri até o meu irmão que estava bem para frente, andando em passos largos.

– Steve – chamei, o alcançando. – Eu preciso pegar o carro na locadora.

– Tudo bem. – Ele passou o braço por de volta do meu pescoço. – Eu te levo até lá, se você prometer ir para casa descansar um pouco. 

– Mas eu quero ajudar vocês.

– Mads... – Steve parou na minha frente, segurando em meu ombro. – Você acha que eu não percebo como você está? Como isso tudo está mexendo com você?

Baixei a cabeça.

– Eu estava lá, eu estava em todas as noites que você acordava gritando, ou quando simplesmente saia da realidade, ou todas as vezes que... – Ele parou de falar. – Você sabe que eu sempre estive lá, Mads. Por favor, por mim, pela sua saúde, vai para casa. Toma um banho e descansa.

Relutei por uns segundos, mas então confirmei com a cabeça.

– Ótimo. – Meu irmão segurou em minha mão e nós fomos para o carro. 

Ele me deixou na frente da locadora e eu entrei na BMW antiga. Encostei minha cabeça no volante e olhei no relógio do painel, vendo que já passava da meia noite.

Liguei a chave na ignição e fui em direção a casa.

Me arrastei em silêncio para dentro do meu quarto, cuidando para não acordar meus pais, que viajariam bem cedo. Peguei uma toalha no armário e fui direto para o banho, e algo inédito aconteceu enquanto eu terminava.

Quando fechei os olhos, deixando a água escorrer pelo meu rosto, não foi Billy que apareceu em minha mente, mas sim Eddie. Seu olhar em mim enquanto os outros falavam naquela garagem, no jeito como sua mão segurou a minha tão forte que até os nós de seus dedos ficaram brancos.

My queen of HellfireOnde histórias criam vida. Descubra agora