Capítulo 2 - Antônio

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Estaciono o carro na porta do prédio em que a Emilly mora e me viro para ela.

— Está tudo bem entre nós, então? — pergunto e ela assente. Mas no fundo eu sinto que as coisas ainda vão demorar para voltarem a ser como eram antes.

Conheço a Emilly muito bem, sei que ela ainda está chateada comigo e que as coisas são vão se resolver facilmente.

— Não se preocupe, Antônio, de verdade.

Ela abre a porta do carro e desce, observo ela entrar no prédio e sumir do meu campo de visão.

Tudo que eu mais desejo atualmente é conseguir entrar em um consenso com meu coração, entrar em um consenso comigo mesmo e no que estou sentido.

Emilly é minha amiga há tanto, tanto tempo que me pergunto como algumas coisas ainda podem ser estranhas entre nós.

Não vou mentir, fiquei puto quando peguei aquele homem beijando-a, quando dei por mim já tinha dado um soco naquele infeliz. Não me lembro da última vez que me senti assim, completamente dominado pelas emoções.

Eu realmente quero que as coisas entre nós dois voltem a ser como eram antes, que continuemos a ser amigos, a confiar um no outro, mas é como se tivesse algo nos impedindo de voltar a amizade que tínhamos.

Respiro fundo e dou a partida no carro, preciso voltar para a delegacia, preciso resolver algumas pendências que ainda estão por fora, só saí agora porque precisava conversar com a Emilly e resolver essa situação entre nós dois, que ainda parece não estar 100% resolvida.

****

Assim que chego na delegacia, sou seguido pela Ester, a médica-legista que está me auxiliando nesse caso.

— Esses são os resultados dos exames da paciente Patrícia Braga — Ester diz, me entregando um envelope branco.

— Como ela está? — questiono, já abrindo o envelope.

Eu estou preocupado, tem mais de três semanas que resgatamos ela do cativeiro, onde ficou muito tempo presa, em condições deploráveis, sem assistência básica e alimentação. Desde então ela tem estado internada e dormindo, seu corpo está fraco e a falta de nutrientes causou uma anemia profunda, fora outras doenças que ela adquiriu.

— Continua dormindo profundamente — Ester responde e posso notar a preocupação em seu rosto.

— O que diz os exames? — pergunto.

— Aquilo que descobrimos realmente é verdade, Afonso mantinha a esposa presa para retirar partes dos órgãos dela e vender no mercado negro.

É claro que ele fazia isso, por qual outro motivo ele manteria a esposa presa?

— Precisamos dela para falar — falo.

— No estado que ela se encontra? Acho meio impossível, as chances de ela acordar são baixas, seu corpo está fraco, os sinais vitais são quase inexistentes.

Fecho os olhos, Patrícia é a única testemunha que pode me dizer o possível paradeiro de seu ex-marido.

— Obrigada, Ester. Se você descobrir mais alguma coisa me mantenha informado — peço e ela assente.

— Pode deixar. Bom trabalho, delegado.

Ester deixa minha sala e eu fico pensativo, o quão psicopata um homem pode ser? Torturar a ex-mulher, comprometer seu estado físico tirando parte de seus órgãos, além de mantê-la em cárcere privado por anos.

Há um mês a delegacia começou a lidar com o caso de fraude dentro da Empresa de Engenharia do Roberto Simmons, descobrimos que ele estava falsificando os desenhos da empresa e roubando dinheiro, usando uma estratégia de compra de material de péssima qualidade, com isso quando ocorre algum evento que comprometa a estrutura física do imóvel, o responsável seria o autor daqueles desenhos ou cálculos. O que acontece é que o Roberto estava tentando incriminar o próprio filho, Gustavo Simmons, enquanto ele continuaria roubando dinheiro da própria empresa.

Meu Delegado Envolvente - Livro 6Onde histórias criam vida. Descubra agora