Por mais que eu tenha pedido desculpas para a Emilly, nossa interação ainda está estranha, é como se fossemos dois estranhos que nunca se viram antes. O jantar foi até tranquilo, conseguimos conversar um pouco, mas a volta, dentro do carro, foi completamente silenciosa, apenas com o som do carro ligado.
Estaciono em frente ao prédio dela, mas nenhum de nós dois falamos nada, nem nos movimentamos. Odeio esse silêncio que chega a se tornar constrangedor entre nós.
— Emilly...
— Antônio... — falamos ao mesmo tempo e nos olhamos. Ela aperta os lábios e suspira. — Isso não vai dar certo — sussurra.
— Não vai dar certo por quê?
— Olha a situação em que estamos, Antônio! Parecemos dois estranhos que nunca se viram na vida, nós não éramos assim!
— Não mesmo, estou tentando entender o que aconteceu para chegarmos nesse ponto! Eu sei que você está chateada pelo que aconteceu aquele dia, mas eu já pedi desculpas, eu não quero interferir na sua vida amorosa e nem nada disso, só quero voltar a ser seu amigo, igual éramos antes!
Ela me encara e vejo seus olhos cheios de lágrimas, ela pisca e ergue a mão para secá-las rapidamente.
— Claro, você se preocupa muito com minha vida amorosa — sussurra.
— Eu não quero que nenhum homem machuque você, Emilly. Enquanto eu puder proteger você eu farei isso.
Ela me encara e sorri, mas o sorriso não alcança seus olhos e isso me quebra por dentro.
— Não quer que nenhum cara me machuque... — sussurra e abre a porta do carro, descendo em seguida. — Acontece, Antônio, que tem um cara me machucando, mas ele sequer consegue perceber isso.
— Quem é ele? — pergunto e ela balança a cabeça em negação.
— Não vale a pena eu falar quem é, uma hora ou outra você descobre. Boa noite, delegado.
Ela se vira e entra no prédio.
Solto um suspiro e soco o volante do carro.
Inferno.
Odeio não ter o controle da situação, odeio não saber o que está acontecendo ao meu redor e, principalmente, odeio ver a Emilly triste e não conseguir fazer nada para mudar isso. O que custa me dizer que é o homem que está machucando-a? Eu iria atrás dele sem pensar duas vezes, porque ela não merece sofrer desse jeito.
Fico mais uns cinco minutos parado em frente ao prédio, mas em seguida ligo o carro e vou embora, mesmo que eu quisesse descer do carro e ir bater na porta da Emilly exigindo respostas, não iria adiantar, pois eu sei que ela não iria me dar nenhuma.
****
— Você parece perdido — Verônica diz ao entrar na minha sala.
Ergo os olhos para ela e pisco.
— O quê? — Ela sorri e se senta à minha frente.
Minha relação com a Verônica hoje é puramente profissional, ela se tornou minha amiga, me dá alguns conselhos as vezes, nada que exija demais dela ou da sua posição atual
— Você está com a cabeça nas nuvens, Antônio. Aconteceu alguma coisa?
Solto um suspiro e esfrego os olhos, me sinto cansado. A situação com a Emilly tem me deixado mais pensativo que o normal.
— Acho que discuti com a Emilly — solto, preciso conversar com alguém sobre isso, se não vou ficar maluco.
Passei a noite em claro, pensando nela, no que ela disse. Tentei várias vezes mandar mensagem para ela, mas sempre desistia no último minuto, simplesmente porque não sabia exatamente o que falar.
— Emilly... — ela sussurra o nome e sorri de lado.
Verônica sabe que minha amizade com ela é intensa, nos tornamos amigos de uma maneira que eu jamais imaginaria ser possível. Confiamos tanto um no outro, que ela tem as chaves do meu apartamento e vice-versa. Não nos preocupamos com o que as pessoas falam, somos amigos e isso não vai mudar facilmente.
— O que foi? — questiono.
— Vocês são amigos há bastante tempo — lembra e eu assinto.
— Sim, a Emilly é um achado na minha vida, Verônica, eu confio tanto naquela menina, ela é tão inteligente, meiga, delicada, engraçada e sabe me arrancar as melhores risadas de mim, sem contar que é linda... — Sorrio e meu celular ascende a tela, revelando uma foto nossa na tela de bloqueio.
— Imediatamente ergo os olhos para ela e nego.
— Por quê?
— Porque ela é minha amiga! Eu nunca vi a Emilly como nada além de uma amiga,
— Mas você queria ser — diz e se levanta. — Sabe, Antônio, talvez a Emilly esteja na defensiva com você exatamente porque ela é apaixonada por você e não sabe como agir diante disso, você só precisa tentar enxergar o que ela diz com os olhos.
— A Emilly me vê como amigo — repito, sério.
— Para um homem que consegue ler as pessoas muito bem, Antônio, você está reprovando em ler a mulher que está ao seu lado por dois anos, não querendo enxergar o obvio.
Ela deixa minha sala e eu encosto as costas na cadeira.
Não, a Emilly não é apaixonada por mim, eu saberia definitivamente se ela fosse. Além do mais, se ela fosse apaixonada por mim não teria beijado aquele babaca metido a playboy naquele dia.
Definitivamente, não. A Emilly não é apaixonada por mim.
Impossível!
Pego meu celular e abro na nossa conversa, começo a digitar uma mensagem para ela, mas paro, porque não sei o que falar. Não estou escrevendo nada com nada.
Tudo que eu queria era nossa relação de antes, onde enviávamos memes sem sentido um para o outro, onde conversávamos amenidades, onde discutíamos o que comeríamos no almoço ou no jantar.
Droga, eu quero minha relação com a Emilly novamente, será que é pedir muito?
Bloqueio a tela novamente.
Odeio o fato de não conseguir entender o que está acontecendo dentro de mim. Um turbilhão de emoções que estão fora do controle, a luta interna que venho travando parece ter um vencedor e não sou eu.
Suspiro.
Eu, apaixonado pela Emilly? Impossível.
— Delegado! — A porta da minha sala é aberta e a Maíra entra.
— Sim?
— O Guilherme acabou de chegar, ele prendeu o homem que foi denunciado ontem à noite por tentativa de estupro — diz e eu me levanto.
— Estou indo.
Ela fecha a porta e eu me coloco de pé. Por agora não vou pensar na Emilly ou qualquer assunto que esteja relacionado a ela, preciso trabalhar, preciso organizar investigações e preciso focar em ser o delegado que todos querem que eu seja.
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Atrasei no capitulo de hoje pq to na correria pra finalizar o livro gente!
Esse mês ele saí na Amazon e eu to muito ansiosa!
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Meu Delegado Envolvente - Livro 6
RomanceAntônio Cabral, delegado da Policia Federal de São Paulo, um homem com um caráter inquestionável e completamente comprometido com seu trabalho, que jurou a si mesmo procurar o assassino de sua esposa. Emilly Ribeiro, é uma estudante de direito, que...