Meu Delegado Envolvente - Livro 6

Capítulo 1 - Emilly

Um ano depois

Meu celular toca pela décima vez e eu ignoro a chamada novamente, não quero falar com ele, será que é tão difícil de entender isso? Sei que eu concordei de sermos apenas amigos, mas agora dói tanto quando ele diz essa palavra.

Eu não queria me apaixonar pelo Antônio, nunca esteve nos meus planos. Tudo que eu desejava era ser uma boa amiga para ele, tudo que eu almejava era entendê-lo, mas quem diria que ao longo desses dois anos ele se tornaria a pessoa que tomaria o meu coração?

Saber que somos apenas amigos e que nossa relação não vai passar disso me faz questionar se eu devo continuar sendo sua amiga, sofrer desse jeito não é algo que deveria entrar em questão, eu deveria me afastar e viver minha vida, mas eu não consigo.

Talvez eu devesse deixa de ser esperançosa, afinal, porque esperar por algo que não tem a mínima probabilidade de acontecer?

O professor Leonardo caminha para lá e para cá, falando sobre um assunto que não quer entrar na minha cabeça de jeito nenhum. Suspiro quando encaro o relógio do meu celular pela décima vez e constato que a hora não avança de jeito nenhum.

Tudo que eu quero nesse instante é chegar em casa, tomar um banho e cair na cama. Tenho estado extremamente cansada nos últimos dias, nada diferente do normal, mas tem algumas situações que estão me deixando ainda mais exausta que o normal.

— Emilly, está entendendo onde quero chegar? — Leonardo chama minha atenção e eu pisco, encarando-o em seguida.

— Como? — Ele suspira e encara o relógio.

— A turma está dispensada, leiam o capítulo 15 para o debate da próxima aula. — Começo a guardar minhas coisas. — Emilly, por favor, espere um minuto.

Assinto, guardo minhas coisas e vou até sua mesa.

— Sim, professor?

— Sei que esse não é um assunto que você goste, mas você precisa fazer um esforço para passar nessa disciplina, seu rendimento caiu muito nos últimos meses e tenho estado preocupado.

— Eu sei, tem acontecido muitas coisas ultimamente e eu não estou conseguindo lidar com tudo.

— Se você vê que não está conseguindo, reconsidere pegar poucas coisas, sei que você finalmente está no curso que sonhava, mas não adianta querer abraçar o mundo e depois sair prejudicada, certo?

— Farei isso, obrigada.

— Está dispensada — ele diz e eu deixo a sala de aula.

Enquanto caminho pelos corredores da universidade, me pego pensando em tudo que fiz para chegar aonde eu estou hoje. Foram tantos problemas que eu sequer medi esforços para resolvê-los.

Comecei a trabalhar muito cedo, vim de uma família simples e sempre fiz de tudo para ajudar minha mãe e minha irmã, com isso acabei deixando minha faculdade um pouco de lado. Trabalhei mais de um ano como babá para a filha de uma policial federal, depois que saí do emprego, minha ex patroa meio que se tornou minha amiga e é por causa desse emprego que eu conheci o Antônio.

O que posso falar sobre ele? Na maioria das vezes nem eu consigo distinguir muito bem a importância que ele tem na minha vida. Antônio se tornou meu melhor amigo, a pessoa que eu mais confio e o cara que mais me apoiou a correr atrás dos meus sonhos. Se estou aqui hoje devo muito a ele.

Solto um suspiro ao perceber que estou mais uma vez pensando nele.

— Emilly, porque você insiste nisso? — pergunto para mim mesma.

Nesses dois anos de amizade, eu percebi que isso é a única coisa que posso ter dele, porque para o amor, ele está completamente fechado.

— Emilly! — Olho para o lado e vejo a Samira me chamar.