Aperto os olhos e a claridade que passa através das minhas pálpebras faz minha cabeça doer em um nível alucinante. Movimento-me e solto um gemido involuntário. Meu corpo inteiro dói, mas minha cabeça parece ser o alvo maior.
Fico quieta por alguns segundos e respiro fundo, tomando coragem para abrir os olhos. Lentamente, vou piscando para me acostumar com a claridade, até conseguir ficar com os olhos abertos por completo.
Olho ao meu redor e noto que não estou em meu apartamento e me sento rapidamente, me arrependendo amargamente em seguida, pois a dor em minha cabeça piora dez vezes mais. Fecho os olhos e coloco a mão na cabeça.
Preciso anotar um lembrete de não beber tanto novamente, não acredito que estou de ressaca. Eu vou matar a Samira por ter me deixado beber desse tanto.
— Acordou?
Abro os olhos no mesmo instante, dando de cara com o Antônio parado ao lado do sofá. Ele está de camiseta, com uma xícara de café nas mãos. Noto que seus olhos estão fundos e os cabelos um pouco desgrenhados. Tenho certeza de que ele não dormiu nada essa noite.
— O que eu estou fazendo aqui? — pergunto.
— Você bebeu muito ontem à noite e me ligou no meio da madrugada — fala e dá um sorriso de lado.
— Eu te liguei? — pergunto, arregalando os olhos.
Antônio leva a xícara até os lábios, bebe um pouco do café e em seguida afirma.
— Ligou, tive que ir te buscar e te trazer pra cá.
— Impossível! — sussurro.
— Sim, você fica bem diferente quando está bêbada — fala.
— Diferente como? — pergunto.
A bebida é o inimigo mortal de qualquer pessoa que esconde um segredo. Eu nunca fiquei bêbada e evito beber em excesso. Meu maior medo é sair contanto coisas que não devem ser contadas.
— Diferente, apenas! Você fica mais livre.
Ele se afasta e eu me coloco de pé tentando ajeitar meu vestido, que agora me arrependo amargamente de ter colocado. Onde eu estava com a cabeça quando o coloquei?
Fecho os olhos quando uma pontada atinge minha cabeça.
É a primeira vez que fico de ressaca e já tenho certeza de que não quero nunca mais beber na minha vida.
— Toma. — Antônio me entrega um copo com água e um comprimido. — Vai te ajudar na dor de cabeça.
— Obrigada.
Tomo o remédio e bebo toda a água.
Sinto os olhos do Antônio sobre mim e meu rosto esquenta automaticamente.
— O que foi? — pergunto.
— Não se lembra de nada do que aconteceu ontem?
Nego. Eu queria me lembrar, meu maior medo era de ter falado algo que eu não deveria ter dito.
— Eu falei alguma coisa? — Antônio começa a se aproxima de mim, dou um passo para trás e minha perna bate no sofá.
— Você tinha algo para me falar e necessitava da ajuda da bebida para isso?
— O quê? — Seu rosto se aproxima do meu e eu prendo a respiração. — Antônio, o que você está fazendo?
Ele não me responde, seus olhos estão presos aos meus. Meu coração martela rapidamente contra meu peito. Posso sentir minha respiração irregular e minhas mãos estão suando.
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Meu Delegado Envolvente - Livro 6
RomanceAntônio Cabral, delegado da Policia Federal de São Paulo, um homem com um caráter inquestionável e completamente comprometido com seu trabalho, que jurou a si mesmo procurar o assassino de sua esposa. Emilly Ribeiro, é uma estudante de direito, que...