Capítulo 10 - Emilly

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Aperto os olhos e a claridade que passa através das minhas pálpebras faz minha cabeça doer em um nível alucinante. Movimento-me e solto um gemido involuntário. Meu corpo inteiro dói, mas minha cabeça parece ser o alvo maior.

Fico quieta por alguns segundos e respiro fundo, tomando coragem para abrir os olhos. Lentamente, vou piscando para me acostumar com a claridade, até conseguir ficar com os olhos abertos por completo.

Olho ao meu redor e noto que não estou em meu apartamento e me sento rapidamente, me arrependendo amargamente em seguida, pois a dor em minha cabeça piora dez vezes mais. Fecho os olhos e coloco a mão na cabeça.

Preciso anotar um lembrete de não beber tanto novamente, não acredito que estou de ressaca. Eu vou matar a Samira por ter me deixado beber desse tanto.

— Acordou?

Abro os olhos no mesmo instante, dando de cara com o Antônio parado ao lado do sofá. Ele está de camiseta, com uma xícara de café nas mãos. Noto que seus olhos estão fundos e os cabelos um pouco desgrenhados. Tenho certeza de que ele não dormiu nada essa noite.

— O que eu estou fazendo aqui? — pergunto.

— Você bebeu muito ontem à noite e me ligou no meio da madrugada — fala e dá um sorriso de lado.

— Eu te liguei? — pergunto, arregalando os olhos.

Antônio leva a xícara até os lábios, bebe um pouco do café e em seguida afirma.

— Ligou, tive que ir te buscar e te trazer pra cá.

— Impossível! — sussurro.

— Sim, você fica bem diferente quando está bêbada — fala.

— Diferente como? — pergunto.

A bebida é o inimigo mortal de qualquer pessoa que esconde um segredo. Eu nunca fiquei bêbada e evito beber em excesso. Meu maior medo é sair contanto coisas que não devem ser contadas.

— Diferente, apenas! Você fica mais livre.

Ele se afasta e eu me coloco de pé tentando ajeitar meu vestido, que agora me arrependo amargamente de ter colocado. Onde eu estava com a cabeça quando o coloquei?

Fecho os olhos quando uma pontada atinge minha cabeça.

É a primeira vez que fico de ressaca e já tenho certeza de que não quero nunca mais beber na minha vida.

— Toma. — Antônio me entrega um copo com água e um comprimido. — Vai te ajudar na dor de cabeça.

— Obrigada.

Tomo o remédio e bebo toda a água.

Sinto os olhos do Antônio sobre mim e meu rosto esquenta automaticamente.

— O que foi? — pergunto.

— Não se lembra de nada do que aconteceu ontem?

Nego. Eu queria me lembrar, meu maior medo era de ter falado algo que eu não deveria ter dito.

— Eu falei alguma coisa? — Antônio começa a se aproxima de mim, dou um passo para trás e minha perna bate no sofá.

— Você tinha algo para me falar e necessitava da ajuda da bebida para isso?

— O quê? — Seu rosto se aproxima do meu e eu prendo a respiração. — Antônio, o que você está fazendo?

Ele não me responde, seus olhos estão presos aos meus. Meu coração martela rapidamente contra meu peito. Posso sentir minha respiração irregular e minhas mãos estão suando.

Meu Delegado Envolvente - Livro 6Onde histórias criam vida. Descubra agora