Meu Delegado Envolvente - Livro 6

Capítulo 6 - Antônio

Marquei uma reunião com a equipe que designei para começarmos as buscas pelo paradeiro do Afonso. O homem praticamente sumiu do mapa, mas isso não significa que vou deixar as coisas como estão. Qualquer pista, por menor que seja, já é algo para começar a investigar.

Na sala estão os policias mais competentes, que estão a serviço da Polícia Federal: Guilherme, Verônica, Samuel e Samara. Eles são os melhores e já lidaram com casos altamente complexos para estarem nessa equipe.

— O que você conseguiu, Antônio? — Verônica pergunta.

— Guilherme, por favor — digo e ele se posiciona a nossa frente.

— Como não temos nenhum indício do paradeiro do Afonso, decidi procurar por evidências que possam apontar o esquema de tráfico, no qual ele vem trabalhando há anos. Comecei pelos registros encontrando no computador pessoal do Roberto, datados da época que ele começou a trocar e-mails com informações sobre o órgão que seria transplantado. — Guilherme liga o data show e aparece três fotos de homens diferentes, que foram recuperadas dos e-mails enviados. — De acordo com os e-mails recuperados, Afonso selecionou três homens, entre 30 e 40 anos, com boa saúde e um coração saudável, todos compatíveis com o tipo sanguíneo do Roberto.

— Então o coração que está dentro do Roberto pode ser de um desses homens? — Samara pergunta e ele assente.

— Sim, porém não conseguimos descobrir qual deles foi escolhido. Presumo que a escolha tenha sido feita pessoalmente.

— Quem são eles? — Verônica pergunta.

— José Correia, Alberto Rodrigues e Paulo Gomes. Os três são brasileiros e foram para o exterior em busca de uma oportunidade melhor de emprego — Guilherme explica.

— Tráfico de pessoas? — Samuel pergunta e eu assinto.

— O tráfico de pessoas para a comercialização de órgãos é bastante comum, infelizmente. Eles enganam as pessoas oferecendo uma condição melhor de emprego, moradia e um salário de encher os olhos. Com isso elas são levadas para outros países onde perdem completamente o contato com a família no Brasil — falo.

— A família de alguns deles já procurou a polícia? — Samara pergunta.

— De acordo com os registros que obtemos da Polícia Civil, sim. Mas logo depois as famílias retiraram as queixas, alegando que receberam algum tipo de recado desses homens, dizendo que estava tudo bem e que eles estavam trabalhando e conhecendo novas pessoas, ou seja, eles queriam quebrar os vínculos estabelecidos aqui.

— Você quer que a gente vá atrás das famílias desses homens? — Samuel pergunta e eu assinto.

— Temos que começar por algum lugar e talvez esses homens possam ser uma pista inicial — falo.

— E enquanto a Marina? — Guilherme pergunta.

Marina Simmons é a filha do Roberto e foi usada pelo Afonso para que ele se infiltrasse dentro da família Simmons e conseguisse seguir com sua vingança. Quando tudo terminou ela começou um acompanhamento com um psiquiatra que diagnosticou nela alguns transtornos psicológicos.

— Eu entrei em contato com o psiquiatra que está tratando da Marina — falo e me sento em seguida. — Ele me disse que já posso tentar iniciar um diálogo com ela, mas ainda não sabe se terei algum resultado.

— Acha que ela sabe algo sobre o esquema do Afonso? — Verônica pergunta e eu nego.

— Dificilmente! O Afonso não deixaria escapar nada sobre isso. Creio que Marina deveria saber apenas o necessário, mas isso não me impede falar com ela — digo.