Capítulo 7 - Antônio

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O dia passou voando. Fiquei imerso em alguns processos que eu precisava organizar e nem vi a hora passar. Só percebi que se passava das 20h00 quando Samuel bateu na porta da minha sala.

— Sei que quer pegar esse cara, delegado. Mas passar a noite aqui não vai resolver nossos problemas — diz e eu o encaro.

Ele tem razão, mas o que fazer quando não tem para onde ir ou não sabe que direção seguir?

— Não se preocupe, Samuel. Já estou de saída! — falo e ele assente.

— Boa noite, Antônio.

— Boa noite e bom descanso. — Digo.

Samuel fecha a porta e fico olhando para o nada.

Desde que Helena se foi eu tenho me sentido perdido, sem direção ou sem rota. Me sinto como um cego andando em meio ao tiroteio, sem um guia e sem saber onde está exatamente.

Minha vida mudou da água para o vinho quando eu descobri que ela foi sequestrada. Aqueles foram os piores dias da minha vida, porque eu não fazia a mínima ideia do que fazer. Foi como se eu tivesse me esquecido quem eu era e de como pensar.

A polícia passou duas semanas em busca do paradeiro da Helena, mas não fomos capazes de encontrar nada, nem o corpo. A essa altura do campeonato, não acredito que ela esteja viva. Quando a polícia decidiu parar com as buscas de vez, já tinha mais de dois meses que ela estava desaparecida.

A Heloísa ficou desesperada, pois a irmã era tudo que ela tinha e agora ela havia ficado sozinha no mundo. Foi um período difícil para todos! Foi nessa época que decidi deixar a cidade e vir para São Paulo, pois precisava me afastar e ficar longe do caos que minha vida se tornou nos últimos meses.

Um ano depois eu fui chamado para ser delegado da Polícia Federal e aqui estou até hoje, buscando aos poucos pistas que possam me ajudar a descobrir o que aconteceu com a minha Helena.

Suspiro e desligo meu computador. Preciso ir embora! Apesar de que não importa se estou na delegacia ou em casa, minha vida sempre tem se resumido a trabalho. Os raros momentos em que não estou envolvido com minha profissão, eu estou com a Emilly...

Emilly...

Ela foi minha luz em meio a escuridão e, durante muito tempo, ela foi a pessoa que mesmo nos meus piores dias sempre se preocupou comigo. Uma verdadeira amiga, que não importava a situação, sempre estava ao meu lado.

Deve ser difícil entender o que quero dizer, já que eu comecei a falar com ela quando ia pedir outra mulher em casamento. A questão é que nunca amei Verônica, mas sentia um carinho grande por ela, gostava de estar com ela e da companhia dela. Entretanto nós dois sabíamos que aquilo era uma encenação para blindar dois corações que foram machucados. Ela com o ex-marido que a deixou em um momento delicado e eu com a morte da minha esposa.

A Emilly é completamente o oposto da Verônica: ela é doce, sorridente, meiga, gentil, bondosa e consegue iluminar qualquer ambiente apenas com sua presença. Quando entrou na minha vida foi isso que aconteceu, ela iluminou cada pedaço de mim.

Ela cuidou de mim quando mais ninguém cuidou, ela se preocupou comigo quando mais ninguém estava interessado na minha vida, ela foi o escape que eu encontrei para sair da escuridão que estava.


Tudo que eu queria era que as coisas voltassem a ser como antes, que nossa amizade voltasse ao que era no início, que pudéssemos conversar sem restrição e rir sem nos importamos com o que está a nossa volta.

Tudo que eu preciso nesse momento é da minha amiga ao meu lado, porque apenas ela entende o que eu estou sentido agora.

Ergo o pulso para conferir a hora e decido ir até a universidade, ela ainda deve estar lá.

Meu Delegado Envolvente - Livro 6Onde histórias criam vida. Descubra agora