Capítulo 11 - Antônio

211 76 2
                                    

Não consegui pegar no sono durante a noite, pois tudo que eu conseguia era pensar no que a Emilly me disse.

Como eu pude ser tão cego?

Como pude não enxergar o que estava debaixo do meu nariz esse tempo inteiro?

É claro que ela era apaixonada por mim!

Acontece, Antônio, que tem um cara me machucando, mas ele sequer consegue perceber isso.

O que ela me falou dias atrás começa a fazer sentido. Eu sou o homem que a está machucando, eu e a minha cegueira. Porém, apesar de saber os reais sentimentos dela, não sei se sou o homem certo para ela.

Não que eu não a ache linda.

Inferno, ela é linda pra caralho!

Linda, inteligente, sensível, gentil, amorosa, carinhosa...

Acho que não existem adjetivos o suficiente para qualificá-la, mas eu mereço essa mulher na minha vida? Eu mereço ter alguém tão importante assim? Que se preocupa comigo mais que tudo? Que vive para o trabalho, que não pensa em outra coisa, que...

Contenho o impulso de socar a parede, desligo o chuveiro e saio do box. Enrolo a toalha na cintura e me encaro no espelho.

Ter a Emilly apaixonada por mim é como ganhar o maior prêmio da loteria. A questão é: Eu mereço esse amor? Mereço que essa mulher seja tão apaixonada por mim?

São tantas perguntas para poucas respostas! Minha mente nunca esteve em um conflito como esse e é como se eu me sentisse impotente, desarmado, incapaz.

Saio do banheiro e visto a primeira roupa que eu pego no guarda-roupa. Uma calça de moletom e uma camiseta. Penteio os cabelos apenas com os dedos e passo um perfume. Saio do quarto e paro na entrada da cozinha, vendo que a Emilly está do mesmo jeito que a deixei, olhando para o nada.

— Emilly... — chamo e ela se assusta, se virando para mim em seguida.

Ela fica de pé e se aproxima de mim.

— Antônio... — Ela olha para baixo, como se não soubesse o que falar ou o que fazer.

Tão adorável...

— Eu não quero que você mude seu jeito comigo — falo.

— Nossa amizade não vai ser como era antes, Antônio — diz e vejo que ela está preocupada.

— Você se preocupa tanto assim com a nossa amizade? — pergunto.

— Claro! Eu prefiro ter apenas a sua amizade a não ter nada de você. Antônio, você é um homem incrível, inteligente, lindo, que sabe o que quer e que chama a atenção por onde passa. Você acha que eu não sei que a probabilidade de você querer ter algo comigo é praticamente nula?

Não consigo acreditar que é esse o pensamento dela.

Dou um passo em sua direção e ela arregala os olhos quando invado seu espaço pessoal.

— Emilly, a probabilidade de eu ter algo com você são maiores do que você imagina! — falo e sua respiração trava.

— Como?

Ergo uma mão e seguro seu rosto, sua pele é macia. Eu poderia ficar o dia inteiro apenas acariciando seu rosto com as pontas dos dedos.

— Você se lembra do que eu te disse quando nos tornamos amigos? Naquela noite?

— Não... — sussurra e eu me aproximo ainda mais dela.

— Se a vida pudesse me surpreender com um novo amor, eu queria que ele fosse você — repito o que eu disse a ela há dois anos, quando nossa amizade nasceu.

Meu Delegado Envolvente - Livro 6Onde histórias criam vida. Descubra agora