Capítulo 8 - Emilly

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Eu decidi que seremos apenas amigos. O mais difícil vai ser convencer meu coração disso.

Enquanto espero o elevador chegar, fico me perguntando como vou tirar esse homem do meu coração, porque a cada dia que se passa parece que ele fica ainda mais enraizado dentro de mim.

Suspiro e entro no elevador. Preciso dormir, estou cansada. Quem sabe assim eu consiga tirar o Antônio da minha cabeça por algumas horas.

****

Antônio: Bom dia, Emilly, passando apenas para desejar que seu dia seja incrível. Eu estou realmente feliz que a gente tenha se acertado. Você é uma das pessoas mais importantes para mim e estar sem falar com você estava me deixando péssimo.

Sorrio com essa mensagem. Alguém me responde como eu poderia não me apaixonar por esse homem? Durante os últimos dois anos ele sempre cuidou de mim e se preocupou comigo. Como eu poderia simplesmente ignorar que ele foi se tornando importante dentro do meu coração?

— Você parece mais feliz hoje — Heloísa diz, chamando minha atenção e eu sorrio. — Viu passarinho verde?

Sorrio para ela e nego.

— Apenas fiz as pazes com uma pessoa que é muito importante para mim.

— Namorado?

— Não...

— Mas pela sua cara você queria que fosse.

— É complicado, ele tem um passado que é difícil de ser esquecido e ainda tem o fato de eu ser extremamente mais nova.

— E desde quando idade impede alguma coisa? Pelo que tenho visto as mulheres realmente estão em busca de caras mais velhos, maduros, experientes...

— Isso é um fato, mas somos apenas amigos e sei que não vai passar disso. Minha meta é tirá-lo do meu coração e ter ao menos sua amizade.

— Sabe, Emilly, na sua idade eu deixei de fazer várias coisas porque fiquei preocupada com o que pensariam de mim e em como certas ações iriam modelar o meu futuro. Sabe qual foi o meu maior arrependimento?

— Não.

— Pensar demais. Às vezes focamos tanto nas possíveis consequências que nos esquecemos de realmente vivermos o presente.

— Você se arrepende de tudo que viveu?

Ela me lança um sorriso triste e suspira.

— Me arrependo de não ter feito coisas que poderiam me proporcionar histórias maravilhosas, me arrependo de ter focado demais no profissional e ter me esquecido de que precisava ter minha vida fora de um escritório. Às vezes eu queria ter sido mais como a minha irmã.

— Você tem uma irmã? — Pergunto surpresa e ela assente.

— Tinha, ela foi assassinada. Mas eu acho que ela não morreu com nenhum arrependimento, pois viveu a vida dela como uma pessoa livre, ela dizia sim para tudo que pediam para ela.

— Sinto muito! — falo e ela balança a cabeça em negação.

— Já tem muitos anos que aconteceu! Helena era meu total oposto, pois era alegre, sociável, divertida... Ela era a gêmea que todo mundo amava. Apesar de termos a mesma profissão, ela não parecia uma advogada que colocava bandidos na cadeia.

— Uau!

— Estou em São Paulo por um motivo, Emilly. Meu objetivo é colocar o assassino da minha irmã na cadeia e vingar a morte dela.

— Mas você sabe por onde começar? — pergunto e ela desvia o olhar, se levantando em seguida.

— Eu tenho alguns indícios, anos de investigação e afins. — Ela me encara e sorri, mas o sorriso não alcança seus olhos. — Mas vou fazer o possível para que ele pague pelo crime que cometeu.

O olhar dela muda e é como se ela tivesse ficado mais sombria. Eu já vi esse olhar antes, no Antônio, quando disse que seu maior objetivo era colocar o assassino da esposa na cadeia.

— Se precisar da minha ajuda para qualquer coisa...

— Não quero te envolver nisso, Emilly. Não é bom que você esteja envolvida nessa história, acredite quando digo que é melhor você saber muito pouco sobre essa investigação.

— Heloísa...

— Vou voltar para minha sala — diz, me interrompendo. — Tenho alguns casos e uma reunião na parte da tarde. A propósito, quando o cliente chegar pode mandá-lo diretamente para minha sala.

— Pode deixar.

Ela segue o caminho e eu apenas fico olhando para o local que ela estava sentada agora pouco.

Eu imagino como deve ser difícil lidar com todo esse processo de perda, essa sensação de injustiça, de querer buscar a verdade, de querer que o culpado seja pego. Mas porque tenho a sensação de que o que ela está buscando, vai além do que a justiça pode fazer?

****

O som alto da música invade meus ouvidos assim que entro na boate e instantaneamente me arrependo de não ter ficado em casa. O pessoal da faculdade inventou que era para todos virem na inauguração de um espaço de festas.

Eu até gosto de baladas e afins, no entanto hoje queria ficar em casa assistindo algum filme e comendo pipoca, mas falaram tanto que ia ser muito bom e que não sei o que, que resolvi vir.

O local está lotado, várias pessoas estão dançando e outras conversando. Sigo em direção ao bar, procurando pela Samira, que disse que estaria me esperando. Bom, ela está esperando... beijando um cara, mas está!

Solto um suspiro e vou pra perto do balcão.

— Boa noite, moça. Em que posso ajudar? — O barman pergunta assim que me sento.

— Quero a bebida mais forte que você tiver.

Ele sorri de lado.

— Tem certeza disso?

— Absoluta! — respondo.

Ele assente e começa a pegar a minha bebida.

— Emilly, você chegou! — Samira se pendura em meu pescoço e eu sorrio.

— Meu Deus, você já está bêbada?

— A vida foi feita para ser vivida, sem arrependimentos! E amanhã é sábado, podemos curtir a ressaca à vontade!

— Samira, você é claramente a amizade que minha mãe falou para eu manter distância! — falo brincando e ela ri, fazendo careta em seguida.

— Sua bebida, moça — pego o copo da mão do barman e sorrio em agradecimento.

Viro o conteúdo do copo de uma vez e tento não fazer uma careta ao sentir o líquido descer queimando pela minha garganta.

— Emilly! — Samira diz, segurando minha mão.

— Sim?

— Se solta amiga, hoje é dia de você fazer tudo que tem vontade e depois colocar a culpa na bebida!

Sorrio para ela e balanço a cabeça em negação, porém a ideia é extremamente tentadora.

— Você tem razão, Sami — falo e minha amiga sorri.

— É assim que se fala!

Pedimos mais uma dose ao barman e viramos na mesma hora. Não sou uma pessoa que costuma beber adoidado, mas talvez isso me ajude a tirar um certo delegado da cabeça.

_________

Gente, só digo uma coisa!

As coisas vão começar a melhorar daqui!

Ps: Passaremos a ter capítulos diários! 

Até amanha!

Meu Delegado Envolvente - Livro 6Onde histórias criam vida. Descubra agora