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Tudo que ele queria fazer naquele momento era correr atrás de Giovanna, mas ao mesmo tempo o ódio que sentia de Karen o fez travar no lugar. O olhar decepcionado de sua esposa quebrou seu corpo em mil pedaços. Não era desse jeito que ele pensou em quebrar todos os seus ossos por ela. Assim que sua porta bateu, Alexandre fechou os olhos.

— Que merda você pensa que está fazendo? Ficou louca? — ele falou nervoso, rangendo os dentes de raiva.

— Louca? Qual é, Alexandre... falo que tô esperando um filho e é assim que você me recebe?

Alexandre olhou para ela incrédulo, até começar a dar risada. Gargalhar de verdade. Karen o olhou estranhando a reação. Não esperava que ele lhe expulsasse, já que o casamento não estava lá essas coisas pelo o que ele tinha lhe falado no Chile, mas gargalhar de felicidade era até demais.

— Ficou feliz, né? — ela falou rindo junto.

— Feliz? Karen você só pode ser a pessoa mais idiota que eu conheço... nós usamos camisinha! 

Ela fechou a cara.

— Camisinhas furam.

Ele olhou para ela, esperto, rindo irônico.

— Talvez a camisinha que você me deu para usar naquela noite sim... mas eu usei a minha, que eu sei da onde saiu e eu sei que não furei.

— Você está me desrespeitando.

— Você que está delirando se acha que eu ia ter um filho que não seja com a minha esposa.

— Bom, sua camisinha estourou. — ela insistiu, mas ele sentiu que cada vez mais sem convicção.

Se ela não tinha quebrado até agora, ele daria o golpe final.

— Como eu disse, acha que eu arriscaria? — ele se aproximou bem, para enxergar nos olhos dela que foi pega na mentira. — Fiz uma vasectomia assim que minha esposa engravidou, Karen.

Giovanna nunca foi defensora de direção perigosa, mas infringiu algumas regras de trânsito ao sair do escritório dele.

Grávida, por Deus.

Uma amante. Grávida.

Ela sentiu os olhos queimarem, as lágrimas fluíam. Era além da conta a dor de sentia em seu coração nesse momento, e não sabia se era pela traição ou por ter realmente acreditado que eles seriam capazes de passar por cima de tudo isso de olhos fechados.

Ele tinha uma vida, merda.

E essa vida envolvia mulheres, países, e todas as possibilidades de ter engravidado alguém.

Sentia-se em risco de saúde, mas ele mostrou os exames do hospital do dia em que sofreu o acidente e pelo nosso ele não tinha fodido com isso.

Bateu no volante três vezes enquanto sentia a visão embaçar. O corpo não conteve, foi um choro audível, doído. Insuportavelmente merecido.

Merecia por confiar. Merecia por se entregar. Merecia por não ter sido mais cautelosa.

Giovanna sempre foi boa em analisar prós e contras, e na única vez que deveria ter colocado em prática, ignorou o lado racional e deixou o coração falar. Seu amor por ele falar.

Não era sobre a traição.

Mas quantas vezes essa história viria a tona? Quantos filhos ele teria por aí? Quantas mulheres viriam reivindica-lo?

Ele não era dela.

Não era uma aliança no dedo dele que dizia isso.

Eram todas as atitudes, eram todas as mentiras – ou melhor, todas as verdades que ele deve ter dito. Parou o carro no farol e pegou o celular, apertou o contato da amiga.

minta pra mim | gnOnde histórias criam vida. Descubra agora