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"Tire as amarras do meu corpo
Me liberte
Eles dizem que o amor está na água
No fundo da água
Eu estava sozinho na água
Onde você estava?

Estou afastando
Estou afastando o seu amor
Não me abandone e nem me deixe ir
Estou te implorando para voltar
Me abrace e então eu ficarei

Eu estava perdido dentro de você
Sonhando sozinho
Você roubou meu coração
Antes que eu pudesse dá-lo para outra pessoa"
Cancion de la noche- Matthew Perryman Jones

Giovanna tinha livros e mais alguns livros na mesa de jantar. Era tarde, Benjamin estava dormindo tranquilo e ela já tinha ajeitado a bagunça na sala. Tinha sentado para estudar agora, e o cansaço já batia. As provas iam começar a acumular, não podia deixar chegar a essa ponto.

Estava prestes a começar outro capítulo quando ouviu batidas na porta. Estranhou por não terem avisado da portaria, mas pelo olho mágico seu peito já apertou.

Marta.

A mulher estava em uma viagem pela Itália com o grupo da terceira idade sei lá de onde, e a decisão do divórcio não foi algo que compartilhariam com ela para arruinar o humor na Europa.

Giovanna abriu a porta com certa vergonha, algo que ela não deveria sentir dado tudo que passou até aqui é que a ex sogra sabia muito bem. Mas ela era a mãe de Alexandre e se tivesse que tomar o lado de alguém deveria ser do filho.

Marta entrou em silêncio, observava o ambiente com calma.

— Eu não sabia que viria.

— Não, pois você e Alexandre acharam que seria de bom tom o divórcio sem me avisar nada. — ela falou em um tom meio julgador, o que era de se compreender.

Giovanna preferiu o silencio.

— Vai me conta o que aconteceu, querida? — Marta perguntou depois de sentar no sofá.

— Foi melhor assim.

— Quando eu fui embora, vocês estavam praticamente em lua de mel.

— Alexandre não te falou?

Marta fechou os olhos, balançando a cabeça. Esteve há pouco na casa deles, achando que encontraria Giovanna e o neto ali para receber os presentes. Sua surpresa foi ver Alexandre sozinho com o whiskey na sala. Ele explicou tudo e Marta acabou com ele, palavras duras que nenhum mãe gostaria de ter que usar, mas que era necessário.

Ela avisou que um dia seria tarde demais, e agora estavam aqui.

Ele tinha acabado com a vida deles.

— Ele me disse que ela não está grávida.

— Ele me disse isso também. — Giovanna concordou. — E eu acredito, mas não foi só por essa falsa gravidez. Foi tudo, Marta. Eu estava ignorando tudo pelos bons momentos, mas os maus momentos iriam aparecer e como eu iria lidar com eles?

A senhora olhou para a jovem. Giovanna parecia cansada, sobrecarregado. Tinha ficado sabendo sobre a faculdade e logicamente ficou orgulhosa também, mas ver ela se desdobrando sozinha aqui.

— Como você está? — Marta perguntou de repente.

Aquela pergunta parecer pegar Giovanna de surpresa. Ela não esperava essa pergunta, não esperava que ela fosse se importar realmente, que iria fazer diferença.

Ela estava péssima.

Cansada.

Exausta, sentindo que falhava na faculdade, no estágio e como mãe, mesmo abdicando de horas para fazer tudo perfeito.

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