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Giovanna pareceu voltar para a realidade aos poucos. Só podia ter perdido a cabeça. Começou a olhar ao redor desesperada, enquanto o empurrava para longe dela. Alexandre entendeu que a vida real caia sobre eles e por isso não insistiu. Deu um passo para trás, olhou para o olhar de pânico que ela tinha.

— Calma, não tinha ninguém.

— Calma? Você me pede calma? Olha só o que você acabou de fazer?

— Fiz sozinho? — ele perguntou irritado.

Ela passou a mão pelo cabelo, tentando organizar os fios loiros da melhor maneira possível. Divorciada... divorciada e fazendo essas coisas no meio da rua? Nunca mais tomaria uma gota de cerveja daquele bar.

— Vai, entra no carro. — ele falou mais calmo. — Eu vou te levar para casa.

— Não precisa.

— Não perguntei se precisa, eu disse que vou te levar, então entra.

Era bom medir forças com ela, fez isso há minutos e agora sua cueca iria para o lixo. Giovanna entrou no carro batendo a porta. Ele respirou fundo, dando a volta no carro e saindo. Ela lhe avisou que precisavam pegar Benjamin, e ao chegarem ao endereço de Alessandra, ele não saiu do carro.

— Minha calça está manchada. — ele falou sem a olhar.

Giovanna sentiu um calor de vergonha subir. Desceu do carro quando Alessandra apareceu com o menino apagado nos braços. Ao notar que a amiga estava com o ex-marido, a publicitária lançou um olhar confuso. Giovanna desceu do carro para pegar o filho e a mochila, sussurrando um ''depois de explico'' e pedindo para ela abrir a porta do banco traseiro para ir com Ben.

Fizeram o caminho em silêncio. Primeiro por não quererem acordar o filho, e segundo pela falta do que dizer, sabendo que qualquer coisa que saísse agora não faria bem a nenhum dos dois. Ambos ainda estavam presos naquela rua sem saída. Alexandre estava lá por saber que provavelmente não teria outra chance assim tão cedo, queria reviver as memórias para se manter vivo. Giovanna estava presa pela autocritica da sua falta de controle.

Como ela pôde ter tido a resistência de uma folha de papel?

Chegava a ser ridículo.

— Seu endereço. — ele disse entregando o celular para ela.

Foi a contragosto. Imaginava que ele já sabia, afinal mandou flores, mas a ideia dela estar registrando no aparelho dele era sufocante. Ele não ia parar de estar ao seu redor, parecer que eles nunca deixariam de ser essa bagunça. Não falaria isso em voz alta, mas ao mesmo tem que essa bagunça lhe assustava, estar nisso com ele a deixaria excitada.

Sua mente flutuava entre a realidade de estar no banco de trás do Jeep com a memoraria de estar prensada contra ele gozando com força ainda que de roupa.

Alexandre parou na frente do apartamento dela. Desceu e abriu a porta por carro. Esperou Giovanna descer para tocar o braço dela. O olhar escuro encontrou o dele.

Queria beija-lá. Queria subir e tomar banho com ela. Colocar o filho para dormir e depois ir de encontro a cama deles. Não importava se era na mansão ou se era nesse apartamento. Só queria estar com ela. Precisava desesperadamente estar com ela.

— Minta pra mim e fala que não se arrependeu do que a gente fez, por favor. — ele falou em um tom sussurrado, quase inaudível.

Não tinha vergonha de expressar seus sentimentos, mas tinha medo que ela odiasse ouvir.

— Obrigada pela carona.

Ela saiu de perto dele em um movimento simples e entrou no prédio. Alexandre entrou no carro, cansado, resignado. Tinha tanta coisa que queria falar para ela. A cada dia que passava ficava mais tempo na biblioteca, lendo os livros que ela leu, escutando os discos que ela escutava. Um jeito de ficar mais perto.

minta pra mim | gnOnde histórias criam vida. Descubra agora