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Por mais que quisessem ficar vários e vários dias, talvez até pegar o filho e sumir para esse paraíso, a realidade os chamava de volta, e inevitavelmente uma insegurança surgia dentro de Alexandre. E se ela mudasse de ideia? E se quando o avião pousasse no Santos Dumont voltasse para ela todos os motivos os quais não deveriam ficar juntos? E ele acreditava que não eram poucos. Tudo isso lhe trazia uma angústia que ele tentava compensar comendo mais um bolinho de cenoura.

Giovanna percebeu que algo estava errado. Era uma delicia mesmo, mas cinco pedaços já não era demais?

— Quer pedir pra levar uma forma de bolo para o Rio?

Alexandre encontrou no olhar dela certo humor, mas leve preocupação junto.

— Esse bolo está bem bom...

— Só isso mesmo? — ela perguntou, voltando a atenção para a própria fruta no prato.

— O que vai ser quando chegarmos em casa?

O olhar escuro de Giovanna o encontrou de novo, e dessas vez a preocupação passou de leve a moderada. Ela colocou o garfo no prato, limpando a boca levemente, ajeitando a postura, e tudo isso ele sabia ser mecanismos para retardar a resposta, deixar ela pensar mais antes de falar. Nesse sentido Giovanna nunca foi impulsiva, ela era sempre guiada por uma vez da razão.

— Normal... — ela disse e ele soube naquele momento que nem ela estava preparada para a pergunta que fez.

— Normal? Nosso normal é um divórcio assinado. — Alexandre pisou com cautela.

— E vamos continuar divorciados, mas agora namoramos, qual o problema? — a voz de Giovanna começou a ficar um pouco agitada, o que fez ele pegar a mão dela sobre a mesa.

Estava gelada.

— Eu sei... é só que... eu não quero ficar longe de você.

— Namorados não moram juntos.

— Nós temos um filho também, vai me limitar aos finais de semana?

— Você sempre teve mais que finais de semana! E é claro que vamos fazer as coisas juntos com o Benjamin, eu achei que já fosse bem óbvio, na verdade... da onde tá vindo isso?

Ele abaixou o olhar.

— Tenho medo de você se arrepender quando chegarmos no Rio.

— Eu estou com você, Alexandre. E nenhuma escolha que eu fiz até agora eu me arrependo, nem o divórcio e nem esse namoro.

Aquilo flor certeiro para ele. E ela tinha razão. Giovanna era independente e nenhuma atitude dela era sem razão. Ela não era mulher de se arrepender de nada. Nunca.

E ele tinha que dar graças a Deus por isso.

No avião, Giovanna se apoiou no corpo dele, o barulho da aeronave embalando um sono único. Alexandre a envolveu, beijando topo de sua cabeça.

— Te amo, Giovanna...

Ela sorriu, olhando para ele antes de apertar sua mão. Estava na ponta da língua, mas não saia. Não ainda.

Buscar Benjamin foi o ponto alto. O menino saiu correndo de dentro de casa ao ver o carro deles entrando pelo portão da avó. Marta vinha logo em seguida, tentando alcançar o menino. Giovanna desceu logo, pegando o garoto nos braços. Encheu as bochechas gordas de beijo, bagunçando os cabelos escuros.

Alexandre cumprimentou a mãe com um abraço forte.

— E como foram de viagem?

— Bem, muito bem. — ele falou, um sorriso maior que o mundo.

minta pra mim | gnOnde histórias criam vida. Descubra agora