fim

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Ela não quis fazer o teste. Pensava que talvez Benjamin pudesse ter escutado alguma conversa e deduzido que ela estava grávida, essa linha de pensamento a deixava mais tranquila. Além disso, não falaria sobre essa conversa com ninguém, principalmente com a sogra, que entraria em um modo de felicidade e a convenceria de fazer o teste o mais rápido possível.

Naquela noite, ela deitou ao lado de Alexandre pela primeira vez sem o peso de ter que estar carregando uma criança. Ele já dormia tranquilo, pesado. Ela o olhou por um instante, esticando a mão para tocá-lo suavemente.

Sabia que fazia sentido eles terem esperado tanto tempo para estarem assim, abertos um ao outro, confiando cegamente.

Mas também se perguntava... como demoraram tanto tempo para ter isso que tinham?

Na manhã seguinte, Benjamin só faltava estender um tapete por onde Giovanna passava. Ele a olhava com cuidado, sempre atento se ela precisava de alguma coisa. Observou a mãe se arrumando, atento aos cremes que ela gostava de passar, só em caso a barriga ficasse muito grande e ele precisasse ajudar. Giovanna via a curiosidade do menino, dava risada.

— Você está esquisito hoje... está querendo alguma coisa? — ela perguntou, estranhando a atitude do garoto.

— Shiu... estou decorando a ordem dos cremes...

Alexandre os chamou para tomar café pouco tempo demais, e o garoto foi de mãos dadas com a mãe, até puxando a cadeira para ela sentar. O empresário ficou orgulhoso do cavalheirismo do menino, mas também estranhou um pouco.

— Que joguinho ele quer agora? — Alexandre perguntou de canto para Giovanna, ela apenas balançou a cabeça.

— Sei lá... esse menino é teu filho mesmo... está querendo alguma coisa, só não sei o que...

Giovanna olhou para Benjamin, que apenas piscou para ela como se guardasse um segredo. De novo aquela fala dele na noite anterior passou por sua mente. Era estranho pensar que o garoto estava fissurado nessa ideia, completamente convencido como se alguém tivesse dito para ele.

Alguns dias depois ela teve um sangramento, o que de alguma forma lhe tirou da cabeça que Benjamin poderia estar certo.

— Querida, você está comendo direito? Está tão pálida... — ela ouviu a voz da sogra enquanto tirava a massa do fogo.

A arquiteta olhou para ela e sorriu.
— Na verdade eu estou com uma fome ultimamente! Deve ser porque estou pegando mais forte na academia.

— Deveria pegar mais leve. — a sogra sussurrou enquanto mexia o molho de tomate fresco.

— Que foi, dona Marta? — Giovanna perguntou confusa, sem ter ouvido melhor.

— Seus exames tão em dia?

— Fiz há poucos meses... Dona Marta, fique tranquila, deve ser só canseira que seu neto está me dando, quase me faz arrancar os cabelos...

Giovanna se afastou para colocar a panela na mesa. Marta ficou olhando a mexida do quadril, vendo como eles pareciam um pouco maiores. Seu instinto não falhava, e apesar de ser uma mulher moderna, não negava as tradições de sua mãe e sua avó, que sempre lhe disseram os detalhes de uma mulher gravida, as nuances que lhes permitiam predizer uma gravidez e cuidar da mulher desde o começo.

E agora só precisava pensar se bordaria um sapatinho branco, rosa ou azul.

Alexandre se aproximou por trás dela enquanto ela se preparava para dormir. Ela quis rir quanto percebeu que o olhar curioso dele era o mesmo que Benjamin tinha quando ela estava nessa posição. Quando dizia que eles estavam cada dia mais parecidos, era quase assustados. Ele a segurou pela cintura devagar, cheirando o pescoço dela. Geralmente, ela sempre se arrepiava, a barba por fazer estava fazendo parte dele e a irritação era muito bem vinda, aquecia. Mas hoje, o jeito o qual ela ficou molhada, era até vergonhoso.

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