22

2.6K 173 263
                                    

Aquilo a desarmou.

Ele ia viajar, ele queria que ela fosse.

— Como é?

— Eu disse que se eu fosse viajar de novo, a trabalho, queria que você fosse junto.

Vendo que ela abaixou a guarda, Alexandre se aproximou mais, colando os corpos. Giovanna o olhava esperando, tensa, e ele odiava ter sido a pessoa que a tornou assim, mas estava feito, e o que ele podia fazer agora era mudar essa impressão.

— Vem comigo. — ele perguntou de novo. — Benjamin fica com a minha mãe aqui... a gente aproveita o feriado para não prejudicar sua faculdade... vem comigo.

O jeito como ele falou com ela, a voz rouca, a deixou molhada.

Puta merda, mas que diabos ele tinha na voz? Um vibrador que ia direto para a sua...

— E ai? — ele perguntou a puxando para a realidade.

Ela endireitou a postura.

— Vamos como sócios da Antero?

— Vamos como você quiser. — ele falou, se animando. — Só quero que você vá comigo, só isso.

Ela sabia os riscos de aceitar essa viagem, mas não era idiota de ignorar os possíveis benefícios.

— Para onde?

— Bonito, Mato Grosso do Sul.

Giovanna o olhou por um instante, a recusa na ponta da língua, mas seu coração falou mais alto, como sempre foi nos últimos 4 anos.

— Sim, vai, agora sai do meu quarto.

Giovanna arrumava sua mala com uma taça de vinho na mão e 4 mulheres descontroladas atrás dela. Quando a véspera de feriado chegou e ela teve que recusar uma ida à Búzios, para a casa de praia de Vanessa, ela foi obrigada a falar seus planos. Não demorou meia hora desde a mensagem enviada no grupo até a primeira descontrolada aparecer na sua porta. As outras vieram como ervas daninhas.

E agora falavam sem parar.

— Não, Giovanna! Cadê aquela camisola que eu te dei? — Alessandra falou, invadindo o closet da mulher.

As outras opinavam em cada peça de roupa que entrava, e cada vez mais as roupas ficavam mais curtas.

— Gio, lá é quente como o inferno, confia na gente, quanto menos roupa, melhor.

— Eu e Alexandre vamos a trabalho, vai ter ar condicionado em todos os lugares.

As mulheres se olharam e riram.

— Giovanna, a coisa que você menos vai fazer é trabalhar. — Amora falou, puxando uma calcinha vermelha do armário dela. — Olha isso... isso tem que ir!

A primeira coisa que ele percebeu quando ela chegou no aeroporto é que ela estava de ressaca. Ele já tinha visto essa cara antes, e a dela era bem característica, um humor assim... invejável. E como ele já conhecia, o silêncio era o melhor remédio nesses casos. Não arriscaria o réu primário dela assim, seria melhor deixar para quando chegassem no Mato Grosso e ele começasse a falar o porque ser tão importante ela estar presente.

No avião, ela dormiu bastante, e quando pousaram, o humor já era melhor. Alexandre colocou as malas na caminhonete, o clima era quente e seco, era quase difícil respirar. Queria ir logo para o mato.

— Quais são os negócios que a Antero precisa resolver em Bonito? — ela perguntou depois de 1 hora de viagem.

Escolheu ir de carro porque queria apreciar as paisagens, mas era possível terem ido de avião de Campo Grande à Bonito. Alexandre já tinha os óculos escuros e tomava um pouco de água quando ela perguntou. Estendeu a garrafa para a mulher e sorriu quando ela aceitou de bom grado, pouco importando em dividir a boca da garrafa.

minta pra mim | gnOnde histórias criam vida. Descubra agora