5. Uma Chance (Revisado)

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O pedido de vocês é uma ordem... Tá aí...

Música: Lego House - Ed Sheeran

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*** 

Chego em casa, e choro em minha cama até cair no sono. Ouvi Anna me chamar para o almoço, mas a ignorei. Minha vida se tornou um inferno, desde aquele investimento infeliz de meu pai. Juliene pode não estar chateada comigo, mas magoada com certeza está. Meu pai ainda me despreza, afinal eu só salvei a empresa preciosa dele, além da mansão, carros e todo o resto. Minha mãe está fora da cidade mais uma vez, caçando talentos para a Dorgal Records. Meu marido trabalhando e eu aqui jogada nessa cama, me lamentando. Que droga minha vida se tornou!

Acordo mais disposta, faço minha higiene, e passo um tempo me olhando no espelho. Eu estou horrível, com olheiras causadas pelas horas de choro. Olho no relógio ao lado da cama e são duas horas da tarde agora. Desço as escadas e não vejo Anna em parte alguma, mas encontro um bilhete seu na cozinha.

Querida –

O senhor Eliot me deu à tarde de folga, mas não se preocupe, volto amanhã de manhã para o café da manhã de vocês.

– Anna

Ótimo, eu amo ficar sozinha com meus traumas, penso ironicamente.

Vou para a sala de TV e coloco um filme de comédia. Eu preciso tirar um pouco dessa tristeza de dentro de mim. Nunca é bom guardar qualquer sentimento ruim dentro de si, por que os sentimentos ruins te destroem lenta e eficazmente.

Próximo das quatro horas recebo uma mensagem de Eliot, que diz que chegará ás seis horas, pois tem algumas coisas ainda para fazer. Pelo visto vou ter que curtir mais um pouco de auto piedade. Nunca imaginei ficar assim sozinha, já estou no segundo filme e ainda me sinto abalada pela ameaça de meu pai, ou pelas outras coisas que vem acontecendo, eu não sei ao certo.

Após o término de mais um filme, decido subir e tomar um bom banho de banheira, eu não quero que Eliot me veja acabada dessa maneira. Entro na banheira deixando que a água quente leve toda a tensão, toda a tristeza e mágoa do meu corpo. Encosto minha cabeça na lateral e relaxo, sinto como se meus problemas não existissem. Muitos devem pensar que eles não existem, mas são maiores do que imaginam. Apesar de ter muito dinheiro, meus problemas não se resolvem com ele. Meus traumas somente o tempo pode cicatrizar.

Me desperto de meus pensamentos quando a água começa a esfriar. No quarto, coloco um conjunto de moletom vermelho, não estou nem um pouco a fim de me arrumar hoje. Vou para a cozinha, estou com muita fome, não aguento e acabo atacando um bolo de chocolate, que Anna fez ontem à tarde. Não estou nem aí para meu peso, um pedaço de bolo não vai estragar anos de dieta. Vai?

Não, penso.

Como lentamente o pequeno pedaço de bolo, que está divino. Anna nunca mais vai deixar essa casa sem bolo de chocolate, eu não vou deixar, sorrio tenuamente com esse pensamento. Comer bolo de chocolate me dá ótimas lembranças, de quando eu era criança, de quando eu era feliz. A essa altura, já estou passando o dedo no prato onde a cobertura escorreu.

– Vejo alguém roubando bolo – levanto o olhar e meus olhos encontram os de Eliot. – Que coisa feia.

– Feia nada. Está uma delícia isso sim – digo sorrindo.

– Feio é não dividir comigo – brinca. Ele se aproxima a passos lentos.

– Ele é só meu! – exclamo possessivamente.

– Mas...

– Mas nada – o interrompo.

– É que... – tenta continuar.

Por Livre e Espontânea PressãoOnde histórias criam vida. Descubra agora