𝘾𝘼𝙋𝙄𝙏𝙐𝙇𝙊 25

257 33 66
                                    

MISA SENTE A GRAMA SOBRE SEUS PÉS, sobre a palma de suas mãos, que fazem a mesma se apoiar sentada, com as costas no tronco da árvore. Ela sente o gosto amargo na boca.

"Ela é mesmo o que você disse, uma vadiazinha"

Isso se repete em sua cabeça duas, três, quatro, cinco vezes, como se a visão dos lábios pálidos do ruivo se abrindo e fechando, com as palavras se formando só não saísse de sua cabeça, como se ela realmente fosse isso... afinal ela é ou não? Por um lado, obvio que ela não é uma vadiazinha, Misa não xinga as pessoas (com exceção de Maat), não beija nem chega no finalmente com ninguém, muito menos muitas vezes, ela não é uma filha da puta com os outros, sem duvidas ela não é, nenhum caminho que Misa construía na cabeça levava ela a o fato de ganhar o título de vadiazinha. Porém por outro lado, se alguém, mesmo sendo da mesma laia de Vance Hopper, mesmo sendo o tipo de pessoa que desfila por ai com suas tatuagens e cigarro entre os dedos, se essa pessoa deu esse título ha ela, algum motivo ela tem que ter.

E é como se isso corroesse os pensamentos de Misa, e enchesse o peito da mesma com angustia, uma falta de ar e uma sensação extremamente horrível. Por que ela tem que se importar tanto com o que aquele ruivo diz sobre ela, por que Misa tem que se importar o que ele acha dela? Claro que ela presta atenção (mais do que deveria) em o que todos falam e pensam a seu respeito, e isso martela em sua cabeça repetidas vezes.

Merda, merda, por que Misa tinha que nascer assim? Como ela inveja Donna, que não se importa com o que os outros acham, ela não se importa porque é confiante, ela confia em si... Misa não tem essa sorte. Os olhares a perfuram como agulhas finas, comentários mudam seu humor de uma hora para a outra, risadas a fazem se contrair, Misa só queria ser confiante, só queria não ligar para os outros, eles que cuidem de suas vidas, certo?

─ Chamando terra para Misa ─ Finny balança a mão na frente de seus olhos baixos.

De repente eles voltam a ter vida, e ela finalmente volta a prestar atenção a sua volta, podendo sentir não apenas a grama, Misa pode sentir o vendo soprar em seu rosto, mexendo seus cabelos que batem em sua cara, ela pode sentir a mão de Robin roçar seu braço, fazendo um leve carinho.

─ Por onde sua imaginação foi dessa vez? ─ Finny sorri para ela.

Misa sorri de volta, rindo de leve e falsamente.

─ Você ficou com cara de paisagem por tipo três minutos ─ Robin arregalou de leve os olhos encarando a amiga ─ Você esta bem?

Seus olhos se estreitam, curioso e preocupado, Finny ainda sorri tombando a cabeça "Estava sonhando com seu amado Billy Showalter?"

─ FINN ─ Misa bufou revirando os olhos ─ pensei que ja tinha esquecido essa história de Billy.

Finny deu de ombros "como esquecer? você ficou alucinada por aquele garoto por semanas", ela praticamente bate pé negando, Robin bufa observando a discussão divertida de Misa e Finn, suas mão fecham em punhos ja longe do braço de Misa. Seus olhos percorrem a praça, buscando uma forma de não aparentar sua repentina raiva.

Toda vez que Robin escuta o nome Billy Showalter, ou ve o garoto andar de bicicleta com seu cachorro ao lado, sábado de manhã, com a cesta cheia de jornais enrolados presos por um elástico, ao queima no peito de Robin, ele não suporta a jaqueta vermelha ou o cabelo loiro médio arrumados e voando ao vento. Robin bufa novamente, ele não odeia Billy, quer dizer, o menino o irrita, o faz querer socar algo, mas Robin não odeia Billy. Engraçado o fato de esse rancor começar quando ficou sabendo que Misa de certa forma ja havia gostado de Billy, as comparações toscas que ele fazia na brincadeira (porém que até hoje acredita fielmente), ele ja não gostava de Billy na época, mas esse sentimento aparentemente foi alimentado com o passar das semanas.

𝙈𝙔 𝙋𝘼𝙏𝘾𝙃𝙀𝘿 𝘽𝙊𝙔                                    ─ʀᴏʙɪɴ ᴀʀᴇʟʟᴀɴᴏ─Onde histórias criam vida. Descubra agora