O dia passou rápido, como estava ocupada com o bebê ela não prestou atenção na questão anterior de olhar a cidade e ver se seus planos darão certo. O seu objetivo inicial era constatar se valia a pena investir numa cidade abandonada ou tentar se firmar na cidade Cerejeiras ao Vento, o segundo plano seria mais fácil e um custo menor, porém não seria a sua base sólida já que muitos comerciantes tinham famílias ricas as apoiando no escuro, e não tinha absolutamente qualquer chance de ela poder ofender uma dessas pessoas. E o primeiro, apesar das dificuldades parecia mais real poder construir um lugar seguro para si, sem medo e preocupação de ofender quem não deveria, se tudo desse certo essa cidade seria o seu lar por muitos anos.
Já era noite quando a criança acordou com fome, por sorte o espaço tinha muitas garrafas de leite e mesmo não sendo bom para a amamentação de recém nascidos era sua única escolha, como não tinha mamadeira Madeline teve que alimentá-lo com uma colher, ele comeu até ficar cheio e felizmente adormeceu novamente. Para a sua segurança e a do bebê ela escolheu dormir no espaço, assim como na noite passada.
O espaço estava claro e diferente de outros romances, este não fica claro como o dia o tempo todo, basta a pessoa pensar no anoitecer que o céu antes claro fica completamente escuro, com lindas estrelas brilhantes. Ela deitou-se com a criança ao seu lado no colchão macio no chão e adormeceu.
Madeline sonhou sobre a sua vida anterior, o dia em que adquiriu o espaço portátil. Ela não tinha feito nada fora do comum, mas quando acordou descobriu que tinha um espaço em sua mente, ele não era grande, mas o suficiente para guardar muitas coisas da qual quisesse. A maior parte do espaço era ocupada pela fonte espiritual, era um belo lago cristalino, o fundo era completamente visível e podia ver várias pedrinhas brilhando com a luz do sol atravessando a água. Ela ficou bastante surpresa com o acontecimento, porém muito mais preocupada porque baseado em seus conhecimentos de leitura de romance, ao se adquirir um espaço portátil suas chances de morrer e transmigrar eram muito altas. Portanto ela não perdeu chance e no mesmo dia correu para várias lojas e comprou tudo o que achou necessário para sua sobrevivência, principalmente porque os viajantes nunca sabem para onde ou que época estão indo.
Como o lugar em terra não era tão amplo, muita das coisas que comprou acabou por ficar empilhada uma em cima da outra, ela trouxe de tudo, revistas de como fazer roupas, jóias que nunca usou, muitos livros que ensinam alguma coisa desde a cultivar ou como criar certos alimentos, bebidas e também a como criar certas ferramentas. Ela enfiou no espaço comidas perecíveis e não perecíveis, muitas sementes diversas e também ferramentas manuais agrícolas para ajudar na plantação. Madeline também não deixou o lápis passar, se por acaso não tivesse nada para escrever ou quem sabe precisar usar aquele pincéis horríveis que nunca encostou na vida ela não sabia quando poderia aprender a usar aquilo, portanto ela trouxe seus próprios lápis e também algumas canetas de pena que comprou em uma loja de bugigangas antigas, se ela não pudesse usar os lápis talvez pudesse usar a de penas.
Na verdade tinha tanta coisa que se bobeasse ela poderia não lembrar de tudo que comprou, o importante para ela era quanto mais, melhor, desde que não faltasse nada.
Madeline não sabia a origem desse espaço e muito menos o porquê de tê-la à escolhido, também não sabia se deveria agradecer por ter esse lugar sagrado que pode ajudá-la a sobreviver ou por culpá-lo por sua morte, afinal, nos romances muitos dos felizardos que possuem o espaço só morreram ou foram transmigrados mesmo sem morrer porque possuíam um espaço.
E foi então que dois dias depois de adquirir o espaço portátil ela foi morta por um pombo, isso mesmo, ela pateticamente morreu por causa de um pombo. Aquela coisa raivosa caiu do céu igual uma jaca podre e bateu em sua cabeça, como se não bastasse isso, Madeline teve a humilhação de receber merda de pássaro na cara e uns belos tapas dado pelas asas daquele maldito pombo moribundo. Por causa do susto de ter um pombo no rosto, Madeline caiu em um buraco de esgoto que estava sem a tampa porque estava recebendo manutenção e simplesmente morreu assim.
Uma morte miserável e humilhante. Se arrependimento voltasse no tempo ela jamais teria saído de casa para comprar bolo de chocolate.
Mas agora não tem mais margem para lamentações, o que resta é poder sugar esse espaço até a última gota e ser feliz.
Por ainda não estar familiarizada com o espaço ela não sabe que sua área não pode ser aumentada, o espaço sempre será deste tamanho, em compensação sua terra tem uma taxa de crescimento de plantio muito alta e sua água é extremamente eficaz para tratamento de doenças e outros usos.
O espaço portátil também não tem tempo, por isso qualquer comida ou planta colhida que for colocada no espaço jamais irá estragar, a temperatura também não muda independente se for dia ou noite, por isso o ar está sempre fresco.
Durante o sono Madeline escutou o som de uma espécie de notificação, mas ignorou por estar muito sonolenta, ela ainda não sabia, mas em cima de sua cabeça estava um painel branco aberto com algumas palavras escritas em rosa.
[Bem-vinda anfitriã, gostaria de ativar o modo 'melhoramento' e 'construção'?]
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Tornando-se a jovem senhorita em outro mundo
DragosteAutora: Borboleta Peser Ano: 2023 Gênero: Romance, transmigração, histórico, sobrenatural Madeline era uma médica não convencional com habilidades extraordinárias no século XXI, até que, em um dia aparentemente comum, sua vida chega a um fim abrupt...