Capítulo 10 - Recrutando mão de obra

157 19 0
                                    

Na manhã seguinte Madeline partiu para casa, como agora tinha dinheiro ela resolveu não se tratar mal e alugou uma carruagem puxada por cavalos, com um transporte mais rápido seu retorno foi feito em menos de uma hora. Para não ganhar olhares estranhos do cocheiro, Madeline não revelou o destino final e pediu que parasse no cruzamento das estradas, apesar da óbvia curiosidade estampada no rosto do homem ele foi sensato e não perguntou nada e apenas foi embora.

Enquanto caminhava de volta para a cidade, Madeline percebeu o quão desleixada era a estrada, vários buracos se encontrava por toda a parte e as ervas daninhas eram tantas e tão altas que começaram a invadir a estrada de terra, o cenário piorava quando se chegava em frente aos portões, por causa da pressa ela não prestou atenção no enorme fosso ao redor da muralha da cidade, era como uma trincheira vazia e seca, essa passagem já foi um lindo rio azul mas agora era apenas uma vala qualquer. A ponte que passa por cima é feita de madeira, era surpreendentemente que não estivesse quebrada, porém era evidente as marcas do tempo e se não tiver uma manutenção em breve, em alguns anos ela já não existirá mais.

Outra situação que Madeline também não colocou em seus olhos foi a vala enorme em volta da muralha dentro da cidade, originalmente o rio não passava por dentro dela, entretanto para a comodidade dos habitantes o magistrado lançou uma grande obra e mudou o curso do rio para entrar na cidade, foi nessa mesma época que ela ficou famosa por causa do incrível cenário das múltiplas espécies de flores rodeando a muralha, mais tarde o seu nome foi trocado para Condado das Cem Flores e ficou assim desde então. Se alguém perguntar o seu nome original provavelmente ninguém saberá.

As memórias deste rio ainda vivo eram poucas, a garota Fei era muito jovem na época e também suas saídas da aldeia não eram frequentes, portanto era uma tarefa complicada recordar dessas lembranças.

Ela foi direto para casa e começou a pôr em prática o que pensou na noite anterior, ela precisa de mão de obra, pessoas da qual possa confiar e as únicas que veio a sua mente foram as famílias que escolheram ficar nesse lugar esquecido. A proprietária original conhecia de perto alguns deles, quando estavam morrendo de fome costumavam compartilhar algumas sobras e isso diminuiu consideravelmente a distância entre eles, mas não o suficiente para um se intrometer na vida do outro.

A dúvida do porque ninguém sentiu a sua falta ou veio procurá-la foi esclarecida quando ela achou em suas memórias a cena da discussão entre as crianças dessas famílias. Fei era a segunda pessoa mais velha desse grupo, sendo abaixo dela um garoto magricelo de doze anos, em um dos vários dias que compartilhavam alguns pães velhos ela guardou alguns a mais para dar a sua mãe que estava doente, mas esse mesmo garoto não aceitou a sua ação e a criticou por estar sendo avarenta e pegando mais para si, e por ser uma menina muito tímida não se atreveu a explicar e fugiu injustiçada, as crianças mais novas até foram procurá-la, contudo por estar muito chateada não abriu as portas para ninguém e os dias foram passando assim, desde então, ninguém mais a procurou. Logo mais sua mãe faleceu, e por estar muito deprimida e faminta não tinha forças para sair, resultando em sua morte precoce.

Apesar da ação egoísta do menino ele não era uma pessoa ruim, a fome pode tornar uma pessoa diferente. Era só que, as palavras proferidas naquele momento a machucaram profundamente, principalmente para alguém que estava com o psicológico tão abalado como o dela. Ela estava sozinha, não tinha ninguém além de uma mãe doente prestes a morrer, como companhia.

No espaço Madeline tinha uma caixa média com vários pães francês recheados e seu objetivo era oferecer o alimento para aliviar a fome dessas pessoas famintas, somente com o bucho cheio é possível fazer negócios. A convivência que a proprietária original teve com essas famílias era pouca, mas o suficiente para saber que eles eram boas pessoas. E era esse tipo de pessoa que Madeline precisava ter ao seu lado.

Tornando-se a jovem senhorita em outro mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora