Capítulo 9

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— Princesa Oleandra, preciso de sua atenção aqui. — Disse o instrutor, fazendo o máximo para não demonstrar sua impaciência. — É essencial que uma princesa aprenda a história de seu reino.

— Estou ouvindo. — Repliquei à contragosto, os olhos ainda vidrados na janela da biblioteca.

Eu odiava aulas de história.

— Ótimo. Partiremos então da invasão do Reino Mammalia e da Nova Aliança entre os Fungos e Anfíbios, e depois gostaria que você me respondesse algumas perguntas.

— Perfeito. — Murmurei, segurando minha vontade de suspirar.

Aquelas aulas não passavam de uma fachada, uma formalidade no máximo. Eu era jovem, mas não tão jovem para não saber que meu pai nunca teve grandes planos para mim naquele reino. Quem era eu, afinal, em comparação aos meus irmãos mais velhos? O único orgulho que eu lhe daria seria se me casasse com um grande rei ou, no mínimo, um duque bem-afortunado.

E eu tinha apenas catorze anos, mas já tinha certeza de que aquele futuro estava cada vez mais distante para mim.

Ainda bem, no entanto, que eu não era a única inútil aos olhos de meu pai.

— Eu acho que já está bom por hoje. — Suspirou meu professor, claramente frustrado com minha falta de atenção. Honestamente, eu não o culpava, mas era jovem demais para ter qualquer empatia por qualquer adulto.

Por isso, não demorei nem dois segundos para sair do cômodo.

— Finalmente! — Uma pequena Primavera posicionou seus punhos na cintura, fazendo sua melhor impressão de gente grande.

— Desculpe o atraso. — Sorri, observando a toalha posicionada no chão de seu quarto. — O que faremos hoje?

— Um piquenique! — Primavera abriu os braços amplamente.

— No quarto? Sem comida? — Arqueei as sobrancelhas.

A criança olhou para os lados, percebendo enfim seu erro; apenas uma cesta vazia enfeitava a toalha.

— Vamos fazer o seguinte. — Segurei a cesta antes que ela pudesse se frustrar. —Eu vou para a cozinha, pego alguns doces e pães, e a gente leva esse chá da tarde para o jardim. O que acha?

Seus olhos pareceram brilhar mais forte que nunca quando a pequena assentiu.

— Ótimo. Enquanto isso, você pode pegar a toalha e algumas bonecas para nos fazer companhia. Nos encontramos na estufa?

— Nos encontramos na estufa. — Repetiu prontamente.

Mas ela não estava na estufa quando retornei da cozinha.

— Vera? — Minha voz ecoou pelo corredor, que se tornava mais escuro a cada segundo. Apesar de eu ter tentado ignorar o mau pressentimento, um arrepio passou pelo meu corpo quando girei a maçaneta da porta de seu quarto. — Vera!

Ali dentro, um pequeno corpo jazia quieto e pálido no chão. Manchas roxas cobriam seu pescoço, a silhueta de dez dedos delineando sua pele escura.

Não. Não.

Burra. Inútil. Não consegui salvá-la a tempo.

Eu estava longe.

Eu perdi o controle da situação.

Eu falhei.

Acordei com o gelado de minhas lágrimas escorrendo em direção ao travesseiro, sem saber o que era pior: a tragédia em si, ou viver a temê-la.

Acordei com o gelado de minhas lágrimas escorrendo em direção ao travesseiro, sem saber o que era pior: a tragédia em si, ou viver a temê-la

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O Fim de OstaraOnde histórias criam vida. Descubra agora