Quando a princesa Oleandra descobre uma trágica profecia sobre sua irmã mais nova, ela decide que fará de tudo para evitá-la, mesmo que isso signifique se unir aos piores criminosos do mundo.
Pois existe apenas uma pessoa capaz de ajudá-la a salvar...
Ignorando a dor em meu ombro, rodeei o prego afincado na tábua com uma faca, tentando afrouxá-lo o suficiente para tirá-lo a mão. O teimoso pedaço de metal não cedeu à minha força, no entanto, não importava o quanto eu tentasse.
Soltei um longo suspiro, aposentando a faca antes que eu cortasse um dedo fora.
— Não podiam me dar o luxo da luz do sol, não é? — Disse a mim mesma, apesar de saber que ali quase não batia sol, de qualquer forma.
As tábuas pareciam mais firme que nunca, apesar dos trinta minutos que passei tentando arrancá-las da janela, mas eu ainda poderia tornar aquele lugar um pouco mais habitável.
Levei todos os materiais de limpeza da taverna para cima, e comecei a trabalhar naquele novo projeto. Não sabia o que estava fazendo, pois nunca havia limpado nada antes, mas difícil não seria, certo?
Errado.
Primeiro, eu era muito baixa para alcançar as teias de aranha no teto. Segundo, quase todas as paredes tinham mofo, e, terceiro, a poeira acumulada no chão precisava de uma urgente varredura.
Quando terminei, ao que pareceu ser uma eternidade, a movimentação no andar de baixo deu a entender que já era horário de trabalho. Eu sequer havia dormido, e o quarto estava apenas bom o bastante para que sua sujeira não fosse prejudicial à minha saúde, mas me levantei de minha cama dura e amarrei meus cabelos para o primeiro dia de trabalho.
Eu aguentaria tudo aquilo por você, Primavera.
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Há três coisas que você precisa saber sobre o Ferro-Velho.
A primeira é: Todas as construções do Ferro-Velho eram feitas com materiais do Antigo Mundo. A maior parte destes materiais não sobreviveram com o tempo, mas os poucos que ainda restaram foram despachados na ilha e reutilizados das maneiras mais criativas.
A segunda é: ali se falava majoritariamente malês, a língua do reino Mammalia.
E a terceira é que a maior parte dos moradores da ilha cometeram crimes hediondos.
— Olhe ao redor. — Disse Meriel, baforando a fumaça de tabaco em meu rosto enquanto eu passava um pano no balcão. Apesar de estar ocupada, decidi fazer o que pediu, já que o morcego era o meu maior cliente (e me dava boas gorjetas também). — Com exceção das crianças que já nasceram aqui, todos aqui são criminosos.
— Até Elly? — Subi meu olhar para a mulher felina, que servia um casal.
— Elly? Assassinou dois guardas em um atentado contra o rei.
— E Viessa?
— Assassinou o rei. — Ele riu, mas seu riso se transformou em uma tosse no meio do caminho.
Ergui minhas sobrancelhas. Como eu não tinha ouvido falar sobre isso antes? Eu sempre fui deixada de fora em conversas políticas, em partes por conta do meu total desinteresse naquela área, mas, ainda assim, parecia algo digno de um escândalo mundial.