Capítulo 21

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Apesar da brisa fria e salgada do mar, minhas bochechas permaneceram quentes por um bom tempo. Gostaria de dizer que era apenas uma certa resistência ao frio, mas me flagrei com extrema frustração ao olhar para trás e ver que tudo o que restou do barco de Elly foi a movimentação que deixou na água antes de ir embora.
Eu não podia me demorar parada ali, então comecei a andar em direção aos estábulos. No entanto, ao desviar o olhar, percebi com confusão que muitas pessoas me fitavam e cochichavam ao meu redor.

– É a princesa –, disse um funcionário dos estábulos para outro.

– Mas o cabelo dessa daí é mais longo que o desenho.

– Cabelos crescem, idiota.

Franzi o cenho, tentando entender do que eles estavam falando, até que vi.

Talvez fosse pelo longo vestido cheio de babados que eu trajava abaixo do manto, mas, por quase nunca sair de casa (ou só sair escondida), eu tinha me acostumado com o anonimato – e o amava

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Talvez fosse pelo longo vestido cheio de babados que eu trajava abaixo do manto, mas, por quase nunca sair de casa (ou só sair escondida), eu tinha me acostumado com o anonimato – e o amava. Além disso, podia ser impressão minha, mas aquele folheto encardido grudado na porta mais parecia um cartaz de um criminoso procurado.

Talvez eu devesse começar a me disfarçar.
Antes mesmo de pensar em reagir, pude sentir a presença dos dois trabalhadores, aproximando-se com cautela e analisando-me de cima a baixo.

– Princesa, poderia vir conosco, por favor?

Minha primeira reação foi agarrar a adaga presa em minha perna e correr. Correr o mais rápido possível, pegar um sapo e fugir. Mas eles corriam incessantemente atrás de mim e, quando montei em meu sapo, eles montaram em outros, mais velozes e astutos que o meu.

Desde que aprendi a falar, ouvi de minha governanta que, na primeira oportunidade, homens como aqueles me raptariam por dinheiro – ou pior. E eu não tinha tempo – nem forças – para lidar com aquilo.

– Vamos, vamos... – Implorei para meu sapo, que parecia estar cansando de pular entre pessoas e obstáculos que encontrávamos no caminho de fuga.
Um dos rapazes, o mais alto e forte, começou a se aproximar. Em pânico, arremessei a adaga em sua direção, que, por sorte do destino, atingiu seu sapo e o fez capotar.

– Isso! – Ofeguei, sorrindo como se eu fosse invencível.

O outro rapaz diminuiu a velocidade, tentando se certificar de que seu colega estava bem antes de voltar a me perseguir, mas eu já estava cada vez mais distante, até que o semblante deles desapareceu no horizonte.

***

Uma fila de quase meio quilômetro se formava diante das portas fechadas do castelo, guardadas por dois seguranças de armadura. O céu escuro me indicava que já haviam passado boas horas desde que eu chegara, e tinha quase certeza de que Viessa e Elly já estavam infiltradas ali dentro, ainda que eu não soubesse cem por cento como conseguiram fazer isso.

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⏰ Última atualização: Aug 21 ⏰

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