Quando a princesa Oleandra descobre uma trágica profecia sobre sua irmã mais nova, ela decide que fará de tudo para evitá-la, mesmo que isso signifique se unir aos piores criminosos do mundo.
Pois existe apenas uma pessoa capaz de ajudá-la a salvar...
— Mais rum. — Ordenou Viessa, batendo o copo contra o balcão para chamar minha atenção. Interrompi minha leitura, uma relíquia sobre anatomia mamífera que havia roubado da estante de Caeda no dia de tirar sangue, para olhá-la com incredulidade. — O que foi? Você está aqui para me servir, não está, garçonete? — Disse, e apontou para meu uniforme, parcialmente escondido pelo suéter que minha mãe me dera.
Suspirei, tentando me consolar com a certeza de que em menos de dois dias eu não mais trabalharia ali. Eu com certeza não sentiria falta daquele lugar cheio de lixo e miséria.
Elly só trabalhava quando queria, ou quando não estava saqueando vilas inocentes pelos mares; por conta disso, fui eu a responsável por enxotar todos os bêbados naquela noite, fechando a porta na cara de meia dúzia deles no primeiro sinal de uma nevasca iminente.
Então, só havia sobrado Viessa, que bebia no balcão em uma recusa teimosa em ir para casa.
— Não vou mais te deixar beber; sou eu que terei de limpar seu vômito depois.
— Nem com gorjeta?
— Quem você pensa que sou? — Cruzei os braços.
Viessa riu, e atravessou o balcão em um pulo. Eu até acharia impressionante, não fosse a raiva que senti quando ela pegou a garrafa da estante na parede.
— Viessa, devolve.
— Você deveria beber mais. — Ela sorria enquanto erguia a garrafa ao alto, divertindo-se em me ver pular para tentar pegá-la de volta. — Melhoraria essa carranca, com certeza.
— Sua...
— Vamos para o telhado. — Pareceu mais uma decisão que um convite. — Quero beber com uma princesa pela última vez.
— Tecnicamente, não sou uma princesa. — Passado alguns instantes, desisti de tentar convencê-la a ficar sóbria, pois sabia que era tão teimosa quanto eu.
— Ah, é. Essa é a única coisa que me faz te respeitar um pouco mais. — Viessa fez uma careta antes de subir as escadas, sem sequer esperar que eu a seguisse.
Mas eu, tola, a segui.
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— Tenho uma pergunta. — Busquei um lugar confortável para me sentar em meio às telhas gélidas.
— Não vou te impedir. — Viessa deu de ombros, e bebeu um longo gole de rum. Ao me entregar a garrafa, tentei fazer o mesmo, percebendo o quão tolerante com a ardência da bebida eu começara a ser.
— Você é... diferente de tudo o que já vi.
— É uma cantada?
— Não! — Senti meu rosto queimar, mas não sabia se era de vergonha ou por conta do álcool. — Estou dizendo, fisiologicamente. No meu livro sobre anatomia mamífera, a única espécie que se assemelhava com você foi extinta há quase um século. Mas você está aqui.