Capítulo 11

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Antes que eu pudesse piscar, chegou o dia em que entraríamos na embarcação de Elly e voltaríamos ao Reino Fúngi. Eu não fazia ideia do estado atual do castelo e, apesar de saber que não poderia e nem deveria atrasar aquele momento, uma parte de mim preferia continuar ignorante.

— O plano é o seguinte, princesa. — Disse Viessa, parando na base da colina onde jazia o palácio . — Você entra, eu vou pelo outro lado, você busca sua irmã...

— E meu dinheiro —, interrompeu Nisha, nós dois ainda montados em meu sapo. Seus braços estavam enrolados ao redor de minha cintura.

— E o dinheiro de Nisha. — Continuou a morena, e pude escutar seu mau humor. — Enquanto eu me situo com o palácio e procuro alguma evidência nos quartos.

— E se não encontrar nada que indique um assassinato? — Ousei perguntar.

— Eu e Caeda temos um bom plano B.

A forma como os dois sempre mantinham as coisas entre si me irritava estranhamente, beirando ao imaturo. Uma parte de mim queria gritar que Vera era minha irmã e eu tinha o direito de saber, mas aquele tipo de apelo não parecia funcionar com Viessa. Seu rosto frio e riso desdenhoso não cedia nem mesmo com o pior dos insultos.

A única coisa que lhe interessava era a barganha.

— Não acha pretensioso deduzir que meus parentes não são inteligentes o suficiente para cobrir os próprios rastros?

— Ninguém da realeza cobre os próprios rastros bem o suficiente. — Viessa deu de ombros, ao mesmo tempo que começava a subir a colina por uma trilha rochosa. — Vocês no máximo pagam alguém para cobrir por vocês.

Dizer que me esforcei para engolir seu desdém com graça é um eufemismo.

— Tem um labirinto cobrindo todos os cantos do palácio. — Murmurei, provocativa. — Será quase impossível passar por ele em menos de uma hora. Não sem minha ajuda, pelo menos. Se me disser o que vocês...

— O que te faz pensar que eu preciso de você para fazer o meu trabalho? — Ela me olhou com um sorriso de escárnio antes de desaparecer entre os pinheiros. Sua risada, porém, permanecia audível. — Que piada.

Eu odiava aquela mulher.

— Você é uma escrota —, gritei, cedendo à minha própria imaturidade.

— E você é mais burra que uma porta —, gritou sua voz em retorno.

Atrás de mim, no momento em que puxei as rédeas do sapo, Nisha soltou uma risada que não pude ignorar.

— O que é?

— Se vocês não se pegarem em uma semana, eu não me chamo mais Nisha.

— Agora entendi por que Viessa te odeia.

Foi um comentário infeliz que me arrependi de ter feito assim que as palavras saíram de minha boca, mas a sereia não pareceu se importar.

— Ela me odeia porque eu consigo ler o seu passado, e ver tudo o que ela tenta deixar para trás. — Apesar de não conseguir vê-le, pude sentir que dera de ombros.

— E como isso funciona, exatamente? Ler o passado das pessoas, eu digo.

— Ah, é simples. — Sua mão agarrou minha cintura. — Cada corpo exala um cheiro diferente. Eu posso ver quantas e quais pessoas passaram por ele baseado no seu odor.

— O odor de cada amante permanece impregnado na pele? — Perguntei. O sapo percorria a subida com agilidade, seguindo o caminho de pedras que circundava a colina.

O Fim de OstaraOnde histórias criam vida. Descubra agora