Capítulo 5. Zamúria

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Branco. Essa era a cor predominante naquele corredor. Branco doentio. Tão doentio que as vezes as pessoas que circulavam por ali se sentiam doentes também. Essa era a cor que tinha marcado a infância do minúsculo homem que caminhava lentamente por ali. A infância dele e de seu irmão.

Talvez por isso aquele homem trajava-se de forma tão peculiar. Uma bandana verde fluorescente mantinha parte dos vastos cabelos loiros e crespos domados. O paletó roxo estampado com bolinhas amarelas parecia travar uma guerra sangrenta com a camisa azul turquesa e a gravata cor de rosa. A figura do sujeito se destacava tanto em frente a coloração alva do ambiente que chegava a machucar os olhos.

Volta e meia, um grito ou um gemido de agonia podia ser ouvido por tras de uma das inúmeras - e brancas! - portas do corredor. Entretanto, o estranho homem não esboçava reação alguma. Aqueles barulhos não o incomodavam quando criança, e não era na vida adulta que começariam a perturbá-lo.

Conforme o homem se aproximava do fim daquele corredor, bem onde ele se dividia em "T", uma porta de um elevador, camuflada pela idêntica coloração da parede, começava a ficar visível.

Quando a alcançou, o homem tocou com as costas das mãos - local onde estava gravada uma estranha marca formada por um símbolo matemático infinito sendo segurado por uma mão esquelética - em uma lacrima encaixada na parede. Imediatamente, a porta se abriu.

O homem entrou, e do mesmo modo que ficou aguardou os rápidos segundos que o aparelho demorou para transportá-lo ao andar inferior. Ali, havia apenas uma porta, que foi aberta sem demoras da mesma forma que o elevador.

– Tadaima. - Falou monotonamente o homem da bandana verde.

– Okaeri, Onii-San! - Foi saldado prontamente, por outro homem, com roupas tão discretas quanto as suas: Uma cartola laranja fluorescente e um paletó amarelo com listras roxas, contrastando ridiculamente com uma camisa vermelha e uma gravata borboleta azul royal. - Como foi a missão? - Indagou o irmão mais novo, magro como um varapau, e que mesmo sentado ficava mais alto que o irmão mais velho.

– Faltam apenas quatro, Jiro-chan. - Respondeu o baixinho.

– Pensei que você pegaria todos hoje. - Comentou Jiro. - Isso não nos atrasará?

– De forma alguma. - Esclareceu o outro. - Os últimos preparativos ainda estão sendo providenciados. E agora, eles mesmos se aproximarão de nós.

– Então só precisamos recepcioná-los calorosamente. - Jiro ironizou, um sorriso maléfico rasgando-lhe a face.

– Provavelmente, eles irão se dividir e investigar em Datra também. - Comentou o recém chegado - Sua missão é ir até lá e trazê-los em segurança até a sede. - Orientou o mais velho, acariciando a pança avantajada.

– E a sua é fazer o mesmo com os que chegarem aqui. - Reforçou o magrelo.

– E assim estaremos prontos para realizar o sonho da nossa mãe. - Finalizou o baixinho.

– Mas e a maga celestial? - Jiro questionou - Acha que realmente poderemos contar com ela?

– Se ela não colaborar - Começou o outro, com uma expressão macabra -, simplesmente terá o mesmo destino que a irmã. Nós estamos muito próximos de alcançar nosso objetivo. Não permitirei que ninguém atravesse nosso caminho. De uma só vez nós destruiremos a Fairy Tail e a Crime Sorcière. E quando o projeto estiver completo, até mesmo o Concelho Mágico se renderá a nós.

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A estação de trem de Magnólia era sempre um lugar barulhento, não importasse o horário. Essa manhã, porém, um grupo bem conhecido na cidade fazia questão de deixar seu tempo de espera naquele local o mais interessante possível, fazendo com que suas vozes, enquanto conversavam, se sobrepusessem até mesmo aos apitos dos trens.

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