All I Want (Wantasha/You)

Chapter XXII

Alguns anos antes...

Shuri's point of view.

Quando minha vida começou a mudar e entendi meu direito de tomar decisões por mim, pude sair de Wakanda para estudar em um país de continente odiado pela minha família. Wakanda não era exatamente uma prisão, eu amava meu povo e aquele país, amava minha família e cada um dos meus amigos. Eu queria mudanças, queria poder estar onde minha capacidade não estivesse associada a meu irmão, eu poderia conquistar tudo que quisesse sozinha e aquela escola, aquela escola na Alemanha fundada pela família Stark poderia me proporcionar tudo que precisava para melhorar o mundo.

Mas a Alemanha? O berço do nazismo, o país que lutou guerras contra os Estados Unidos, que matou por territórios africanos, um país ofensivo a meu povo. A Alemanha, um dos berços das ciências geográficas, país de tecnologia avançada e ainda abrigava a maior escola com o melhor investimento educacional pelo maior empresário do mundo e uma segurança impenetrável. Por que um norte-americano como Tony Stark teria uma escola tão produtiva em um país como a Alemanha?

A resposta parece simples. Ele queria mostrar que podia ter o melhor investimento naquele país que já fora inimigo do seu. Era apenas um homem americano com síndrome de poder demonstrando que poderia estar no topo do mundo.

Mas quando cheguei naquele colégio de arquitetura antiga e tão confortável, a resposta para a pergunta não poderia ser mais a mesma.

Fazia algumas horas que estávamos na sala, 45 minutos para aquela aula chegar ao fim. Meu lápis balançava inquietamente na mão, talvez fosse para despistar o frio.

A garota ao meu lado, era quem eu vinha observando nas últimas três semanas. Seu perfil físico não era ameaçador, mas a sua postura era imponente, série e robótica. Ela quase nunca se mexia, passava muito tempo fixada no mesmo ponto e não dizia uma palavra.

Essa garota estava sempre de moletom, mesmo nas aulas que exigia esforço físico, esportes, artes marciais, ela estava sempre com uma blusa de manga comprida. Estávamos na Europa, e a Alemanha em especial, era sempre fria. Mas era quase anormal, tínhamos aquecedor nas salas, nos quartos, mas ela nunca era vista sem seus casacos.

Há dois dias atrás, a encontrei no banheiro, ela provavelmente imaginava que estava sozinha. Ela puxou as mangas do casaco até o cotovelo e saí da cabine silenciosamente, sua cabeça estava baixa, ela não havia me visto até o momento em que me coloquei ao seu lado para usar a pia e vi de relance seus braços arranhados, com linhas vermelhas vivas por toda extensão do antebraço.

Era de se imaginar que ela fazia isso, ninguém passava tanto tempo com os casacos como ela, ninguém poderia ser tão triste ou sozinha como ela.

Ela saiu do banheiro no mesmo instante em que me coloquei ao seu lado, fingia não se importar se eu a tinha visto ou não, ela apenas se foi e quando sequei minhas mãos, fui pelo mesmo caminho que ela. Ou imaginei ter ido. Alguém bateu no meu ombro com força, o impacto me levaria ao chão, mas meu corpo se chocou com outro atrás de mim. Eram os dois moleques da minha turma, o cara russo forte e rosado, e o narigudo alemão. Como eu os odiava.

Eles me provocaram desde que cheguei no colégio, sempre murmurando xingamentos em seus idiomas ridículos ou agindo agressivamente pelos corredores. Eu estava cansada daqueles dois e algo estava prestes a mudar tudo aquilo.

Outra pessoa passou por nós três com pressa, o corpo colidiu contra o russo na minha frente, ele gritou para a figura apressada, mas ela não se virou, então apenas com um olhar para seu amigo, os dois caminharam às pressas atrás da garota.