Descoberta: 38

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O gabinete parecia agora pequeno e sufocante para a ministra que ali paralisada estava. O único som ecoando por aquela sala era de sua respiração ofegante e pesada, seus olhos continuavam expressando profuso pânico com a imagem de seus dedos manchados de sangue, a dor pulsava mais forte em seu ventre se misturando ao seu nervosismo, sentia que as veias queimavam em pavor e sua mente a alertava para fazer algo, mas seu corpo não respondia estremecido e estático. Com o ar preso na garganta a mesma desceu seu olhar para a sensação cada vez mais úmida entre suas pernas e percebeu sua calça evidentemente molhada com o sangue que escapava de si e parecia mais abundante sempre que uma pontada mais forte envolvia o ventre a fazendo curvar-se sobre a enorme mesa cerrando os dentes em agonia. Simone queria se mover, queria agir e suas pernas não respondiam completamente bambas, o desespero de estar perdendo o que sequer aceitara a existência por semanas estava corroendo sua alma e afundando seu peito em culpa e remorso. Não se perdoaria se o pior passasse a um pedaço seu cuja presença foi tão ignorada por si, as lágrimas inundaram seu rosto impiedosamente e a morena sentia-se a ponto de deixar vencer pela dor, pelo arrependimento e pela falta de força para se manter de pé. Sua visão estava turvando aos poucos, a sala parecia ir e vir pelos seus olhos, sua mão apoiada a mesa escorregava lentamente com o suor frio que lhe arrebatara, o lábio inferior pressionado com seus dentes tentando em vão sufocar a dor e os gemidos que escapavam com a intensidade que aquilo tomava e quando soltou sua respiração como uma rendição olhando para o teto e fechando os olhos com a alma destroçada, e lágrimas cortantes manchando o caminho de sua bochecha ao queixo, a mulher implorou internamente para que não lhe fosse tirado mais um amor seu que mal habitara em seu meio e já estava partindo. Com a mão ensanguentada apertada a sua blusa, na região do pé da barriga, a mesma sentiu que iria desmaiar com a fraqueza que estava dominando em seu corpo e quando seus joelhos pareciam que iriam ceder a porta de seu gabinete abriu e um homem alto e sorridente atravessou a sala com os olhos focados em algo no celular até levantar o olhar para a morena e correr ao seu encontro assustado com a visão que o recebeu.

- Simone! Meu Deus! O que aconteceu? - Indagou apavorado com o sangue - Você se feriu? Alguém te machucou? - Continuou a questionar com as mãos em cada um dos braços dela e vagueando do olhar da calça manchada com o sangue para o redor da sala procurando alguém.

- Não, não - Negou Simone com a voz embargada e olhos vermelhos das lágrimas derramadas - Haddad, eu acho... acho que estou... - Com uma mão ao abdômen plano e outra se apoiando ao braço de Haddad ela não conseguiu completar a frase dolorosa.

- Vai ficar tudo bem, vou te levar daqui - Com o olhar profundamente assustado de Simone o homem apenas deduziu do que ela estava falando e começou a tirar seu terno.

- Me ajude, por favor - Pediu entre as lágrimas que fluiam descontrolaveis em seu rosto e a cabeça baixa.

- Cubra suas pernas com isso, vamos sair rápido - Deu seu terno a ela, que pegou trêmula quase não conseguindo se manter de pé sozinha, e delicadamente a colocou em seus braços - Vou te levar ao hospital, certo? - Informou a carregando para fora daquela sala.

- Eu não posso perder... isso é minha culpa - Sussurrava com a voz entrecortada e os braços em volta do pescoço do homem que a ajudava e o terno do mesmo descansado em seu colo cobrindo onde o sangue manchara.

- Não diga isso! Vai ficar tudo bem, não irá acontecer nada a vocês - Tomado de compaixão o homem a manteve firmemente em seus braços e consolou com palavras reconfortantes - Só inspira e respira, mantenha a calma e logo passará - Acalmou deixando o local dispensando todos que se aproximavam para questionar o que aconteceu.

Salve-me do caosOnde histórias criam vida. Descubra agora