Quando podíamos dar errado: 80

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Olá! Este é um capítulo bônus, portanto não se classifica como continuidade do 79. Neste capítulo voltaremos um pouquinho ao início da fic para trazer alguns momentos não mostrados anteriormente e matar as saudades antes do fim. Espero que gostem e desde já agradeço imensamente todo o apoio e carinho de sempre...

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Simone deixou a casa com o coração na mão ao precisar se desfazer do momento que por pouco não se transformou em uma reconciliação entre ela e o grisalho que a observou sumir de sua vista com pesar nos olhos. A morena abraçou Gael antes de sair, o pequeno com sete anos e olhos saudosos dedicados a ela, e por um segundo olhou para o corredor de onde viera. Estava ali para que o pequeno garotinho que se acostumara a sua presença e lhe criara afeto não sentisse o peso de sua falta como vinha sentindo, mas lá no fundo uma parte sua, a qual doía como um inferno de sentimentos afugentados, também estava lá por Ciro.

- Cê volta né, Sisa? - Gael perguntou timidamente, com a mão dada a dela, a levando até a porta.

- É claro, meu doce. Preciso só tomar um banho e descansar um pouquinho, mas de noite volto - Explicou se agachando na altura dele alisando seus braços com carinho.

- O papai não ia se importar se cê ficasse aqui... Traz suas roupas e dorme aqui pra gente assistir um filme até tarde - Brincou com os fios de cabelo dela distraidamente.

- Eu sei que seu pai não se importaria, meu doce, mas acho melhor ficar no hotel - Pigarreou quando ouviu a voz estridente de Giselle - Melhor eu ir agora, mas prometo que volto logo.

- Se importa com a Gigi não. É hormônio - Comentou com um risinho.

- Quem te disse isso? - Perguntou quase rindo.

- O Cirinho - O garoto se inclinou um pouco e deixou um beijo na bochecha da morena - Até mais tarde, Sisa.

- Até, querido. Não deixe seu pai preparar a pipocas antes da minha chegada - Brincou afastando os cabelos loiros dele da testa e depositando um doce beijo ali.

- Pode deixar! Vou ficar de olho nele - Sorriu quando ela segurou seu queixo com diversão.

Piscou várias vezes ao passar pela porta não querendo que lágrimas caíssem na frente da criança. Ela ouviu Ciro lhe chamar, mas rapidamente se esquivou de mais algum contato ou diálogo entre eles. Mesmo que fosse apenas para trocarem olhares que imploravam por consumação e compartilhar poucas ou quase nenhuma palavra ainda era algo para dois corações arrebentados com a distância e o fim de um amor que mal começara a germinar. Quando deixou a casa em um uber, prometendo a Gael que mais tarde voltaria para assistirem algo juntos, sua mente repassou de maneira torturante a imagem da grávida e sua presunção em quase expulsá-la dali para que o grisalho priorizasse a consulta que iria com ela mesmo que sequer tivesse dado a hora da tal consulta.

- Não quero conversar agora, Ciro... - Resmungou para si mesma e voltou seu olhar para as ruas da janela do carro quando ignorou a ligação do grisalho.

Ela respirou fundo e passou o dedo indicador pela ponta do nariz sentindo arames rodearem a garganta, não fazia mais parte daquela família e deveria se pôr em seu devido lugar. Logo ele teria mais um filho com o qual se preocupar e deslumbrar, talvez com isso retornasse ao que vivera antes de seus caminhos cruzarem de maneira irremediável. Talvez manter distância conseguisse com que o homem voltasse a olhar a ex-mulher com olhos de amor, o filho que tanto o deixara bobo poderia vir a ser o elo de uma nova união entre ele e a Giselle. Voltariam a ser a família que estavam destinados a ser e ela já não teria espaço ou papel nisso, se resignando a consertar sua própria vida depois de uma tórrida e passageira paixão. Gael a esqueceria em breve, quando enfim sua mente infantil se adaptasse ao que um dia fora sua rotina sem a existência dela, e os dias em que pensou ser importante naquele lugar passariam como se nunca tivessem existido.

Salve-me do caosOnde histórias criam vida. Descubra agora